EQUILÍBRIO DE VIDA: pessoal e profissional

EQUILÍBRIO DE VIDA: pessoal e profissional

Estamos na reta final de mais um ano, ano este que foi de grande turbulência para todos, em virtude da pandemia do COVID-19. Fomos forçados a parar, mudar rotinas, trabalhar de casa, sem falar nos inúmeros impactos relacionados a perdas de muitos entes queridos para muitas famílias, perdas materiais, demissões, fechamentos de empresa, impactos na saúde mental, física, emocional, relacional, financeira, entre muitos outros aspectos.

Muita coisa? Sim, não dá para minimizar ou negar que vivemos muitas situações desafiantes este ano, talvez mais que outros anos, mas que nos convida mais uma vez a repensar na importância do equilíbrio em nossas vidas.

Ouço em muitos atendimentos o quanto machuca, adoece e gera prejuízos à saúde e aos relacionamentos este velho hábito tão validado e reconhecido socialmente de privilegiar o trabalho, de buscar ser “o sucesso”, destacar-se profissionalmente, “ganhar bem”, conquistas materiais, etc. Mas você já parou para pensar que o trabalho faz parte da vida? Que não são vidas distintas como o discurso muitas vezes apresenta?

Em verdade, ser humano envolve desenvolver, aflorar e cultivar 5 dimensões de existência: biológica, psicológica, emocional, social, cultural e espiritual. Mas e o trabalho, onde fica? Ele faz parte deste todo que somos nós, ele é uma forma de expressar quem somos, nossos talentos, habilidades, desenvolver competências, gerar contribuições sociais, realização, senso de pertencimento, sobrevivência, geração de recursos, relacionamento, e muitos outros pontos.

O trabalho não caminha independente da sua vida pessoal. O trabalho faz parte da sua vida e é fundamental esta busca de equilíbrio. Praticar hábitos saudáveis de cuidado com o corpo, mente, espírito, trabalhar com algo que faça sentido e valha o tempo e energia dedicado diariamente, que gere contribuição social e não só pelo dinheiro, vivenciar relacionamentos recíprocos, afetivos, empáticos, respeitosos, autênticos com familiares, amigos, colegas, chefias. Permitir-se descansar, desconectar com momentos de lazer e diversão, socializar-se ainda que por meios virtuais. Aguçar sua curiosidade para aprender continuamente coisas novas, como forma de desabrochar seu potencial continuamente, energizar-se, renovar-se, motivar-se.

Estas ações são apenas alguns exemplos do que se pode ser feito para promover equilíbrio na sua vida. Mas para tanto é preciso ter clareza das suas necessidades, direitos e dos limites realistas, para poder negociar com você mesmo e, consequentemente, partir para negociar com todos à sua volta.

O fato é que trago esta reflexão hoje para você aproveitar esta reta final de 2020 para pensar como anda sua relação com o trabalho e como anda a sua vida como um todo, de modo a aproveitar este momento reflexivo para tomar consciência do seu estado atual, identificar o que precisa fazer de ajustes, mudanças, transformações ou mesmo eliminar para viver com sentido. Então, seguem algumas perguntas para auxiliar você na sua busca de equilíbrio:

  1. Qual o sentido que você quer dar para a sua vida daqui para frente?
  2. Quem você quer ser daqui para frente?
  3. Como tem cuidado das suas 7 saúdes: física, emocional, espiritual, social, intelectual, profissional, financeira?
  4. Quais aprendizados teve neste ano que está acabando?
  5. Quais lições você levará deste ano para viver com mais sentido, saúde integral, senso de realização, satisfação e plenitude?
  6. O que está ao seu alcance ser ajustado, mudar, transformar, eliminar?
  7. Quais impeditivos hoje se apresentam para fazer estes ajustes e mudanças?
  8. O que para você significa bem estar, qualidade de vida? Como implementar isto na sua vida de forma integral e equilibrada?

São 8 perguntas poderosas que certamente se você se propor dedicar um tempo a elas e escrever suas respostas, ainda que não construa um plano de ação estruturado, só de você entrar em contato com estas suas respostas, algo já reverberará e iniciará um movimento em você de prestar mais atenção em como tem vivido sua vida, como são seus hábitos, seus automatismos, suas crenças limitantes, o que suga você, adoece, mas também o que deixa você feliz, leve, pleno, saudável.

Desejo de verdade que você perceba que este exercício é uma forma de autocuidado. Porque só você pode promover estas mudanças na sua vida para viver de forma saudável, com equilíbrio, desfrutando e desabrochando todas as suas dimensões de existência. Esta missão não é possível terceirizar: viver. E já que isso não é possível, outra pessoa viver em seu lugar, aproprie-se da sua existência, busque sentido para ela, faça ela valer a pena, aflore seus potenciais e talentos. As suas maiores contribuição no mundo e para as pessoas à sua volta parte deste gesto de autocuidado. Permita-se viver com equilíbrio!

O QUE SUSTENTA AS CRENÇAS

O QUE SUSTENTA AS CRENÇAS

Crenças são pensamentos absolutistas, ou seja, pensamentos que têm peso de verdade e que norteiam nossa percepção de nós mesmos, dos outros, da realidade, do mundo. Também são norteadoras de escolhas, decisões, ações, realizações, senso de felicidade e sentido de vida.

Desenvolvemos crenças por diferentes caminhos de aprendizado:

  • CRENÇAS FAMILIARES: aquelas falas e pensamentos parte do nosso contexto familiar, que aprendemos valores e comportamentos a partir da modelagem de nossos pais, cuidadores, familiares;
  • CRENÇAS SOCIAIS ou CULTURAIS: são aquelas falas, pensamentos que norteiam comportamentos de grupo cultural, que ouvimos e aprendemos nas interações sociais;
  • CRENÇAS PESSOAIS: são aquelas que estruturamos a partir da nossa experiência individual.

Ou seja, desenvolvemos crenças a partir do que ouvimos, observamos, percebemos, sentimos, experienciamos na nossa jornada pessoal e social, ao longo de toda a nossa vida.

CRENÇAS LIMITANTES

Quando falamos de crenças limitantes, estamos nos referindo a pensamentos absolutistas que nos limitam, nos desqualificam, nos paralisam diante do que nos propomos ser, fazer, realizar. Aprendemos elas em ambientes invalidantes, parcial ou integralmente, e que não nos respeitam em nossas necessidades emocionais e direitos.

Estas verdades orientadoras dos nossos comportamentos de forma negativa costumam ter uma sustentação irracional, fantasiosa, ou mesmo se tratar de vozes, falas, pensamentos de outras pessoas que ouvimos e incorporamos. Exemplos de crenças limitantes:

  • “Eu sou incompetente”
  • “Eu sou infeliz”
  • “Você nunca consegue nada”
  • “Sou muito velho para começar uma coisa nova”
  • “Você é um fracasso”
  • “Ninguém me ama”
  • “Sempre tem alguém que me engana e quer se aproveitar de mim”
  • “Não sou suficientemente bom para essa posição, não vou dar conta dele”

Enfim, a lista seria enorme de pensamentos para exemplificar as crenças limitantes. O fato é que as crenças limitantes, como o nome já diz, limitam o nosso poder de ação, minam nossa autoestima nos desqualificando, e nos paralisam ou mesmo nos fazem esquivar de objetivos, metas que desejamos, porém alimentam nossos processos de autossabotagem.

CRENÇAS FORTALECEDORAS

Por outro lado, crenças fortalecedoras se tratam de pensamentos que potencializam a nossa autoestima, fortalecem nossa auto aceitação, autorrespeito, promovem  poder de ação, e nos fazem entrar em ação.

Normalmente aprendemos elas em contextos familiares e sociais validantes, estimulantes em que nos sentimos amados, aceitos, acolhidos, respeitados, orientados, aceitos do jeito que somos.

Quando trabalhamos em coaching ou em psicoterapia a mudança de mentalidade, ou seja a construção de repertório de pensamentos e comportamentos saudáveis, procuramos provocar o cliente a entrar em contato com suas evidências de realidade para que possa estruturar pensamentos realistas saudáveis. Alguns exemplos de crenças fortalecedoras:

  • “Eu consigo, é uma questão de treino”
  • “Tudo bem não estar bem”
  • “Desconectar para reconectar. Após descanso e diversão, retorno às atividades produtivas de forma muito mais criativa.”
  • “Tempo é valioso, é prioridade”
  • “Eu mereço”
  • “Eu sou digno(a)”
  • “Eu sou capaz”

E para fechar esta reflexão hoje, vou deixar uma dica para você colocar em prática e reconhecer suas crenças:

  1. Observe-se no seu dia a dia e comece a registrar os seus pensamentos e o que eles falam de você e como interferem no seu comportamento;
  2. Quais emoções eles ativam em você?
  3. Como você age a partir destes pensamentos e emoções?
  4. Estes pensamentos são seus ou você incorporou de outras pessoas?
  5. Quais experiências podem ter contribuído para estas crenças limitantes que reconheceu?
  6. Quais evidências você encontra na realidade de que são realistas estas crenças?
  7. Quais pensamentos alternativos saudáveis e realistas você consegue estruturar para despotencializar suas crenças limitantes.

Pratique e sentira você mesmo os resultados que este pequeno exercício proporcionará na sua mudança de mentalidade sobre você, as outras pessoas, sobre o contexto e sobre seu poder de ação.