A função da Terapia no manejo da Frustração

A função da Terapia no manejo da Frustração

Frequentemente ouço relatos de pessoas, sejam em sessão de terapia, seja em conversas familiares ou amistosas, trazendo sofrimentos relacionados à frustração. Algumas até colocam como uma inabilidade ou mesmo limitação a dificuldade em lidar com frustrações, sendo que as mais categóricas chegam a afirmar “eu não sei lidar com frustrações”. E algumas perguntas frequentemente surgem em minha mente: será que as pessoas sabem o que é frustração? Será que elas percebem quando acontecem, quando se frustram e quais fatores relacionados às suas frustrações? Daí surgiu o motivo para escrever estas linhas de hoje aqui no blog.

São diversas as definições que podemos encontrar do termo frustração, a exemplo:

  1. “estado de um indivíduo quando impedido por outrem ou por si mesmo de atingir a satisfação de uma exigência pulsional.” (dicionário Oxford Languange)
  2. “sentimento, uma emoção que ocorre quando algo que era esperado não ocorreu.” (https://www.significados.com.br/frustracao/)
  3. “sentimento desagradável que se produz quando as expectativas de uma pessoa não são satisfeitas por não poder conseguir aquilo que pretende.”(https://conceito.de/frustracao )

Só aqui temos três diferentes perspectivas a respeito do termo, porém o ponto em comum é: frustração gera insatisfação. Aprofundando um pouco mais, podemos identificar alguns tipos de frustração:

  1. Frustração por não ter necessidades atendidas: sejam elas emocionais, fisiológicas, materiais;
  2. Frustração por não alcance de um objetivo: seja qual for a meta, o objetivo, o indivíduo se sente frustrado ao não concretizar ou ser impedido por ele mesmo e/ou fatores externos de concretizar o que estabeleceu como objetivo;
  3. Frustração por elevadas e/ou distorcidas expectativas: quando o indivíduo não encontra na realidade, nas situações, nas interações, fatos congruentes com suas expectativas, termina se decepcionando consigo ou com o(s) outro(s), ou com o contexto, quando o que se apresenta é diferente do que ele esperava(expetava).
  4. Frustração por perda: seja de pessoas importantes, relacionamentos rompidos, perdas materiais, de um emprego, projeto, etc;
  5. Frustração dilemática: quando o sujeito necessita tomar decisão, fazer uma escolha e percebe que a escolha que fizer implicará em perdas e ganhos, ou seja, terá de escolher 1 entre diversas opções, o que o levará a abrir mão das outras e de alguns benefícios;
  6. Frustração por falta de reconhecimento: por falta de gratificação positiva, emocional e/ou material, ou seja, por não ser validado pelos outros em suas habilidades, talentos, resultados, desempenho ou mesmo por não ser promovido, premiado com bônus ou outro tipo de reconhecimento material.

São tantas? Pois é…O fato é que frustração é algo parte da vida, isto é, em algum momento (ou vários) nos depararemos com este sentimento, porque fatos acontecem, a maior parte deles estão fora do nosso controle, e muitos deles podem chegar de surpresa, de forma totalmente imprevisível, com menor ou maior impacto na nossa vida (ex. pandemia que nos levou ao isolamento social compulsório, perdas de familiares e amigos, perdas de emprego, crise econômica, limitação da liberdade, etc) . Daí a importância da terapia como estratégia no manejo da frustração.

A terapia é um espaço livre de qualquer julgamento. É aquele lugar que você chega e fala como quiser, rindo, chorando, com ou sem escárnio, raiva, perplexidade e outras emoções. Fala coisas que não se sentiria à vontade para falar com outras pessoas, mesmo as mais próximas e da sua confiança, seja por qual motivo for: sentir-se perdido(a), confus(a), receio de machucar, de ser mal compreendido, de não atender as expectativas, receio de perder ou alguém importante afastar-se por não gostar ou concordar com o que você disse.

Mas este falar exatamente o que você pensa e sente faz toda a diferença no manejo da frustração. É a partir do reconhecimento do que você acontece internamente a você, seus pensamentos, suas emoções, suas percepções, expectativas, fatores limitantes, tudo isso é material para a terapia. Porque é a partir deste conteúdo que você tem oportunidade de expressar suas verdades, sejam quão duras ou felizes elas sejam. E é a partir deste material que você tem, na terapia, a oportunidade de ampliar seu campo de visão sobre si  mesmo, os outros, as situações, o mundo e sobre o futuro.

Por estes princípios da ética, do não julgamento , da escuta ativa, do acolhimento, da empatia, do respeito, lugar de fala, da livre associação e expressão de ideias é que a terapia se torna importantíssimo espaço para toda e qualquer pessoa manjar e aprender a lidar com suas frustrações. É um espaço que provoca você a trabalhar a aceitação da frustração como algo parte da vida, mas que você poderá aprender e encontrar novos sentidos, ao compreender que fatores contribuíram para que se sinta frustrado(a), se eles são internos ou externos a você, se você tem ou não poder de ação para modificá-los ou modificar a realidade que se apresenta, desenvolver novas estratégias de enfrentamento para seguir e não ficar fixado na frustração, nem deixar de viver novas experiências por sentir-se frustrado(a) em algum momento.

A terapia auxilia você garimpar e levar consigo aprendizados a partir de cada momento de vida, sejam os mais felizes, sejam os mais limitantes, tristes, decepcionantes. Podemos aprender com cada situação que vivemos, a depender da nossa disposição e abertura emocional.

Por isso, deixo aqui este convite: FAÇA TERAPIA. Ao contrário do que muita gente ainda pensa, terapia não é coisa de gente louca ou com problemas mentais. Terapia é para pessoas corajosas e dispostas ao auto-enfrentamento, sejam elas com ou sem qualquer transtorno mais significativo. Qualquer pessoa pode e deve fazer terapia, exatamente por ser uma incrível estratégia de aprendizado, autoconhecimento, regulação emocional, desenvolvimento de habilidades sociais e outros muitos benefícios. Experimente e sinta você mesmo os benefícios e transformações que ela proporciona.

A Roda da Vida: suas funcionalidades e benefícios

A Roda da Vida: suas funcionalidades e benefícios

A Roda da Vida é uma ferramenta de coaching que propõe o coachee entrar em contato com 12 áreas da sua vida, convidando ele a fazer uma reflexão de como ele entende cada uma delas e avaliar como elas se encontram no estado atual.

Indicadores

A grande sacada de fazer a Roda da Vida num processo de coaching ou mesmo psicoterapia é trazer indicadores de satisfação, realização e felicidade para o cliente se apropriar e provocar uma tomada de consciência de como está sua vida de modo integral, sistêmico, no presente momento. Sendo assim, é possível entender a Roda da Vida como uma ferramenta de auto-feedback com foco no autoconhecimento.

Alavancagem e Plano de ação

Uma vez que o cliente tenha avaliado a si mesmo nestas 12 esferas, ele passa para uma segunda etapa de reflexão que chamamos tecnicamente de alavancagem. Ou seja, a partir da reflexão feita através da Roda da Vida, ele é convidado a reconhecer quais áreas estão ok e quais estão lhe gerando incômodos ou precisam de ajustes, provocando-o a propor pelo menos uma ação para cada esfera que ele percebe precisar fazer algo para mudar, ser e viver melhor, mais feliz, satisfeito e com saúde integral.

Esta etapa de alavancagem é finalizada com a construção do Plano de Ação, de modo que o coachee saia da sua sessão com sua rota do que fará, a partir de hoje, para entrar em ação e seguir em busca de sua vida com mais equilíbrio, realização, felicidade, de forma integral, sistêmica.

Benefícios e funcionalidades

Outra funcionalidade e benefício que a Roda da Vida proporciona para o cliente de coaching ou psicoterapia é que ele entre em contato com habilidades e dificuldades, por exemplo, reconhecendo áreas que ele se destaca e áreas outras que não tem tanto engajamento e/ou boa performance. A ideia é que ele se pergunte por que isso acontece e como ele pode buscar equilibrar ou mesmo trazer uma habilidade/talento que ele tem numa esfera e propor direcionar nesta outra esfera que esteja dificuldade de gerar melhores resultados.

Esta ferramenta também serve como ótimo indicador de progresso do cliente no seu processo, para ser feita no início e final do trabalho, de modo que ele se depare com seu processo evolutivo, com as ações que ele se propôs realizar x realizadas, ou seja, gera um “antes x depois” bem direto gerando impacto nele do quanto vale a pena investir em si mesmo e do quanto ele consegue agir para fazer melhorias em sua vida.

Como consequência, ela também serve ao cliente como ferramenta auto-motivacional, uma vez que ele vendo e reconhecendo seu próprio progresso, certamente terá seu sistema retroalimentado com dados da realidades que comprovam seu sucesso no empenho de esforços para mudança, fortalecendo sua autovalidação, sua crença em si mesmo como alguém que pode ser e realizar muito mais, basta querer e colocar-se em ação.