Esquema de EMARANHAMENTO: características

Esquema de EMARANHAMENTO: características

O esquema emocional de emaranhamento é um dos 18 esquemas mapeados pelo psicólogo Jeffrey Young (2008) dentro da abordagem da terapia dos esquemas. Este esquema é parte do domínio Senso de Autonomia e Competência, ou seja, em que a necessidade emocional básica de autonomia e independência mostrou-se ausente ou prejudicado no desenvolvimento do indivíduo.

Isso pode ter se dado por diferentes motivos ao longo do desenvolvimento da criança na relação com seus pais e tendo eles como primeiros fornecedores de suas necessidades emocionais básicas.

Um exemplo disso são situações em que pais ou primeiros cuidadores, por excesso de zelo e superproteção, terminam por fazer e/ou decidir tudo pela criança. Este comportamento parental, de forma recorrente e continuada, acaba tirando da criança e do adolescente a oportunidade de explorar o ambiente, experimentar fazer as coisas por conta própria, desenvolver habilidades, descobrir interesses, inclinações próprias e talentos, aprender com eventuais falhas e desenvolver senso de identidade, autonomia e independência.

Há casos de pessoas que não desenvolveram este senso de self independente por conta de figuras parentais abusivas, opressoras, dominadores, controladoras em excesso, que podem ter isolado ou privado a criança e/ou adolescente de ampliar sua rede de relacionamento e desenvolvimento de habilidades, restringindo seu aprendizado ao contexto familiar por longos anos. Como consequência, estes indivíduos somente conhecem como certo, verdadeiro, como realidade, crenças, valores e comportamentos provenientes do seus pais, desenvolvendo uma autopercepção de incompetentes e/ou incapazes de tomarem decisões , fazerem escolhas e resolverem problemas sozinhos, dependendo excessivamente dos seus pais para se colocarem no mundo.

CARACTERÍSTICAS

Pessoas que apresentam este esquema emocional ativado costumam apresentar algumas características como:

  • Sensação de estar fundidos, emaranhados, com outras figuras próximas que podem ser parceiros, pais, amigos ou outros vínculos de importância;
  • Dificuldades de reconhecerem gostos, preferências, desejos e vontades próprias, assimilando como seus os interesses e opiniões dos outros de forma consciente ou inconsciente;
  • Self subdesenvolvido, ou seja, uma identidade não contruída ou não fortalecida, com dificuldade de reconhecer-se como indivíduo, a parte e/ou independente de pessoas que para elas são importantes;
  • Podem se sentir invadidas ou asfixiadas pela constante presença e interferência do outro em suas escolhas, decisões, rotina;
  • Podem se sentir frágeis, vulneráveis, incapazes de tomar decisões sozinhas com dificuldades de fazer escolhas, resolverem problemas e entrarem em ação;
  • Sensação de vazio constante por não conseguirem se reconhecer como identidade, não terem clareza de seus interesses, gostos, preferências, habilidades, talentos e inclinações naturais;
  • Podem evitar situações de tomada de decisão, de mudança, ou fazer escolhas baseadas no que outros acreditam ser importantes ou certo para elas, evitar conflitos, estabelecer ou fortalecer a dependência emocional em relação aos outros;
  • Inibição de opiniões, emoções, sentimentos, posicionamentos, falta de espontaneidade, por falta de clareza do que de fato é próprio ou por não saberem como agir;
  • Podem copiar comportamentos daqueles aos quais se encontram emaranhadas;
  • Podem sentir culpa ou senso de incapacidade de viver de forma autônoma e independente. (YOUNG, 2008, pág. 204-206)

A terapia do esquema é uma estratégia chave no tratamento deste esquema emocional, auxiliando a pessoa na tomada de consciência de seu esquema em funcionamento e suas estratégias de enfrentamento (evitativas, hipercompensatórias e de resignação). Permite trabalhar tanto no nível cognitivo, emocional e comportamental para fortalecer seu senso de identidade, trabalhar o autoconhecimento de interesses, gostos, preferências de forma independente, desenvolvimento de habilidades sociais, entrar em contato com seus talentos, e aprender a viver de forma plena, autêntica, espontânea, com autonomia e independência em relação aos outros.

Para ampliar a reflexão, segue sugestão de conteúdo e título que serviu de referência para este artigo:

YOUNG, Jeffrey E.. Terapia do esquema [recurso eletrônico] : guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras / Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko, Marjorie E. Weishaar; tradução Roberto Cataldo Costa. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2008.