MITOS EMOCIONAIS

MITOS EMOCIONAIS

Os mitos emocionais são crenças a respeito das emoções e que aprendemos ao longo do nosso desenvolvimento. São pensamentos a respeito do sentir que aprendemos a partir de contextos (família, cultura) e que assumimos como verdade, mas que geram impactos negativos na nossa experiência emocional.

Normalmente, os mitos emocionais envolvem pensamentos distorcidos (distorções cognitivas) a respeito das emoções. E costumamos entrar em contato com eles quando crescemos e nos encontramos em ambientes invalidantes, ou seja, contextos que entendem ser errado e/ou proibido o entrar em contato com as emoções, gerando em nós comportamentos de evitar e/ou ignorar o sentir delas assim como expressá-las, entendendo ser elas não importantes. Ademais, se as pessoas parte deste ambiente invalidante ainda tem uma postura punitiva frente a elas, podemos aprender e entendê-las como inaceitáveis, contribuindo para a inibição emocional e impactando negativamente na nossa regulação emocional.

Um ponto importante é que aprendemos a nos regular emocionalmente a partir dos nossos modelos, referências, sendo as nossas primeiras referências os nossos pais e o contexto familiar. A forma como nossos pais reagem às próprias emoções e às nossas quando criança, aceitando, validando, ou, o contrário, chamando atenção de forma desqualificante ou mesmo punindo, influenciará na formação das nossas crenças a respeito delas e como devemos lidar com nossas emoções.

Por exemplo: se você foi tratado com reprovação por seus pais ao expressar raiva, tristeza, você pode ter aprendido que estas emoções são erradas ou inaceitáveis. Se você foi ignorado ao senti-las, você pode ter aprendido que elas não tem importância e devem ser ignoradas ou descartadas.

O fato é que aprendemos quando criança e levamos isto ao longo da nossa vida para outros contextos e relações, que também exercerão novas influências a respeito de como sentimos e expressamos (ou não) as emoções.

EXEMPLOS DE MITOS EMOCIONAIS

Para melhor ilustar tudo isso que hoje estamos falando, seguem alguns exemplos que você pode reconhecer também como seus:

  1. “Existe um jeito certo de sentir a cada situação” : Somos seres diferentes e podemos sentir e nos comportar de formas diferentes a partir de uma mesma situação. O importante é que a cada momento buscaremos administrar nossas emoções para encontrar formas mais assertivas de expressá-las e buscar ter nossas necessidades emocionais atendidas.
  2. “Se eu expresso e deixo os outros saberem como me sinto, serei visto como fraco(a).”: Estamos aqui diante de um julgamento a respeito de uma vulnerabilidade. Se nos sentimos frágeis, vulneráveis, com medo, com raiva ou outra emoção é como nos sentimos simplesmente, não uma questão de certo ou errado. E isto nos ajuda a identificar o que necessitamos a partir de cada situação. Mostrar como nossas vulnerabilidades nos permite receber a ajuda, apoio necessários, não é uma fraqueza, apenas se trata de nossa humanidade e que está tudo bem sermos assim.
  3. “Sentimentos negativos são ruins e destrutivos.”: mais uma vez, não existe emoção certa ou errada, simplesmente são como nos sentimos e cada uma das emoções exercem um papel, uma função e comunicam algo a nosso respeito. As emoções desagradáveis nos fazem parar, refletir sobre razões possíveis que contribuíram para assim nos sentirmos e, como consequeência, buscar acionar recursos para promover mudanças necessárias.
  4. “Ser emotivo é estar fora de controle, vão me chamar de louco(a).” : ser emotivo frente às situações não tem nada de errado, a questão é como isto acontece e como você dá vazão às suas emoções. Se você manifesta suas emoções sempre de forma explosiva ou se você simplesmente embota suas emoções, de um jeito ou de outro haverá custos emocionais e consequências. A ideia é que você identifique o que está sentido e possa aprender a expressar-se e regular-se de forma saudável.
  5. “Toda emoção dolorosa é resultado de uma má atitude.”: mais uma vez aqui está acontecendo um julgamento a respeito do sentir. Muitas emoções dolorosas não dependem de nós, por exemplo, quando nos sentimos tristes ao perder uma pessoa querida. Podemos sentir emoções desagradáveis a partir de como os outros agem conosco ou a partir de situações que fogem ao nosso controle.
  6. “Se os outros não aprovam como me sinto, então eu não deveria estar me sentido assim.”: mais uma vez, não é uma questão de certo ou errado, simplesmente como você se sente. E às vezes outras pessoas poderão não compreender suas razões, seja por falta de empatia, seja porque viveram outras referências contextuais e emocionais. Não é o outro que deve dizer a você como se sente nem o que deve fazer com as suas emoções, esta é uma experiência emocional sua e cabe a você isso. É sua a responsabilidade sobre suas emoções, como expressa e o que faz com elas.

Exercícios de focalização e meditação axiliam a entrar em contato com as emoções, observá-las, identificar o que está sentindo no momento, fortalecer sua regulação emocional e aprender a reconhecer o que necessita e a melhor forma de expressar e buscar atender suas necessidades a cada situação e interação.

As emoções tem processamento diferente das nossas cognições (racional) e isto nos leva a aprendizados ricos a nosso respeito e colocar em prática mudanças, transformações.

Para saber mais sobre o assunto, confira esta leitura, referência para este artigo:

LEAHY, Rober. L. Terapia do Esquema Emocional: um guia para o terapeuta cognitivo-comportamental.Tradução: Sandra Maria Mallmann da Rosa; revisão técnica: Ricardo Weiner. – Porto Alegre: Artemed, 2016.