Solidão, Isolamento x empregabilidade

Solidão, Isolamento x empregabilidade

Falamos no último artigo sobre como o Autoconhecimento é chave no processo de tomada de decisão profissional. E seguindo por este caminho, hoje proponho uma reflexão sobre como a solidão, o isolamento afetam sua empregabilidade.

Comprometimento x Contexto

Recebo muitas pessoas no consultório aflitas e desejosas de mudanças nas suas carreiras e que, quando lanço a pergunta “o quanto você esta comprometido com o seu processo de coaching e transformação?”, elas imediatamente respondem “Lilah, 100%! Estou 100% comprometido com a minha mudança.”

As sessões começam a caminhar e é muito comum ouvir “Lilah, não tenho saco para fazer ‘social’, para fazer ‘política’. Esse negócio de networking não é para mim.” Aparentemente, ao ouvir esta frase, muitas vezes o coach desavisado pode superficialmente pensar “opa, estou diante de uma crença limitadora, vamos trabalhar!”. Mas na real, é preciso acolher as verdades do cliente, escutar ativamente não somente esta frase como outras tantas, observar comportamentos, alterações de rotina, saúde, etc. É preciso entender o contexto interno e externo deste cliente para daí propor o trabalho a ser feito.

A jornada é longa e traz impactos…

E por que falar de tudo isso? Usei este exemplo específico sobre relação cliente x networking para chamar a atenção de como muitas pessoas, num processo de busca profissional, muitas das vezes envolvendo demissão, busca por novo trabalho, perda de sentido do que faz, entre outras questões,  entram num processo progressivo de desmotivação, isolamento, perda da capacidade produtiva que pode levar ela a quadros depressivos e/ou altamente ansiógenos.

Como consequência, muitos sabotadores e crenças mais profundos que elas trazem consigo, consciente ou inconscientemente terminam sendo ativadas. Um destes sabotadores é o da esquiva, que faz com que a pessoa evite o enfrentar das situações e desafios de forma a buscar aprendizados positivos. E a solidão, o isolamento, surgem como um comportamento recorrente, uma vez que a pessoa, muitas vezes, entra num ciclo de descrença sobre sua capacidade produtiva, competências, talentos, que faz ela distanciar-se do que precisa ser feito, melhorado, ajustado, conhecido para viabilizar sua mudança de rota ou ressignificação de carreira.

Ciclo de Sabotagem x Isolamento

Neste caminho, muitas outras “certezas” ela vai encontrando no meio do caminho para convencer a ela mesma que não é capaz ou que não vale a pena sair, conectar-se com outras pessoas, fazer um movimento de sinalizar às suas redes que está em busca de novas oportunidades. Ou seja, um ciclo autossabotador é ativado e potencializado, fazendo a pessoa isolar-se cada vez mais, sentir-se solitária na sua busca de reestruturação de carreira, comprometendo seu poder de ação, dificultando ainda mais sua alteração de rota profissional e empregabilidade.

E este ciclo se retroalimenta com cadeias de pensamentos automáticos disfuncionais, limitadores, a exemplo deste relato:

“Eu acredito que networking é fazer ‘social’, ´política’, humilhar-me frente a outras pessoas para pedir um trabalho ou indicação. Por que eu deveria sair pra fazer um happy hour, encontrar pessoas, conversar com elas e falar que estou em busca de trabalho? Vou perder meu tempo, dinheiro e ainda sinto que estarei me humilhando por isso. Sendo assim, não vale a pena sair, interagir com elas para desfrutar de bons momento e falar de outros assunto, ou mesmo comentar que estou sem trabalho.”

Percebeu o poder de como nosso pensar interfere nas nossas atitudes, comportamentos, sentimentos, emoções e poder de ação? Pois bem, se você se identificou com este exemplo, ou conhece alguém ao seu lado neste movimento, é sinal que precisa fazer algo, para quebrar este ciclo de autossabotagem e seguir rumo ao seu objetivo. Lembre-se: pedir ajudar é uma grande iniciativa, um gesto de coragem, o primeiro passo para buscar sua autossuperação.