TENDÊNCIAS SUICIDAS: quais os sinais e como lidar com a crise

TENDÊNCIAS SUICIDAS: quais os sinais e como lidar com a crise

Hoje vamos falar de um assunto de extrema importância e que ainda é um grande tabu na nossa sociedade: o suicídio. Costuma-se abordar este tema relevante durante o mês de setembro, onde acontece a campanha anual de prevenção contra o suicídio “Setembro Amarelo”. Mas isso não significa que não existam casos o tempo todo, apenas não são noticiados.

É muito importante falarmos sobre as tendências suicidas, quais sinais, como reconhecê-los e lidar com a crise, pois o número de casos vem aumentando neste contexto da pandemia, com o confinamento, aumento de quadros de ansiedade, depressão, conflitos familiares, violência doméstica, perdas afetivas, materiais e subjetivas. É uma questão prevenção urgente.

SUICÍDIO NO BRASIL

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o oitavo país no ranking  mundial de casos de suicídio. Nos últimos 28 anos, a taxa brasileira subiu para 30% de casos considerando a população nacional, um índice mais do que preocupante e que agora tem chamado ainda maior atenção por conta do contexto estressor provocado pela pandemia do coronavírus.

A rápida propagação do COVID-19 desde o último trimestre de 2019 afetou a população mundial promovendo grande medo por conta do risco real de contágio, adoecimento grave e morte por conta deste novo vírus. Fatores como isolamento social prolongado, convívio com familiares 24 horas, mudança radical de rotina, têm contribuído para o aumento dos sentimentos de angústia, tristeza, raiva, insegurança, incertezas, perda de sentido de vida, descrença, além de comportamentos de agressividade, violência, uso de substâncias psicoativas (drogas, álcool, tabagismo, etc).

TENDÊNCIAS SUICIDAS

Tendências suicidas são comportamentos sinalizadores de ideação, planejamento e risco iminente de execução de tentativa de suicídio. Infelizmente muitas pessoas ainda têm a crença de que o suicídio é “frescura”, que é coisa de quem quer chamar a atenção de outras pessoas, ou mesmo de pessoas fracas, egoístas. Mas todos estes mitos dizem respeito à falta de informação sobre o que é, bem como o julgamento das pessoas sobre aquelas que sofrem com este comportamento.

Considerar “frescura” o fato de, a cada 40 segundos no mundo, uma pessoa tira a própria vida é no mínimo falta de empatia e compaixão, sem falar na falta de informação. Sendo assim, a proposta deste artigo é exatamente levantar quais sinais de tendências suicidas mais frequentes para que possa contribuir na prevenção de novos casos. São eles:

  • Falar sobre vontade de morrer com pessoas à volta e nas redes sociais;
  • Falta de sentido de vida, falta propósito para continuar vivendo;
  • Sentir-se um peso na vida de outras pessoas, especialmente a de familiares e amigos;
  • Sentir angústia emocional insuportável a ponto de ter a estratégia do suicídio como meio de livrar-se ou aliviar este sofrimento;
  • Uso abusivo de substância psicoativas como estratégia de aliviar ou livrar-se do sofrimento (álcool, drogas em geral);
  • Pesquisar formas de se matar;
  • Agir de modo irresponsável;
  • Agitação, ansiedade, insônia;
  • Afastamento de pessoas queridas (familiares e amigos);
  • Demonstrar raiva ou vontade de vingança;
  • Apresentar alterações extremas de humor e com frequência;
  • Mudanças súbitas e marcantes no comportamento;
  • Pessimismo, negativismo, sentimento de desesperança em relação ao futuro;
  • Perda de interesse por atividades anteriormente prazerosas;
  • Doação de pertences de valor pessoal;
  • Quitação de dívidas;
  • Pesquisar e ou contratar advogado(a) para confecção de testamento, especialmente em casos sem idade avançada ou ocorrência de doenças terminais;
  • Falar sobre sentir-se pronto para morrer e diálogos com cunho de despedida.

O suicídio pode estar associado a diversos quadros como depressão, transtornos de ansiedade, casos de relacionamento abusivos, violência doméstica, uso de drogas, alcoolismo, transtorno de personalidade borderline, transtorno bipolar, esquizofrenia e muitos outros quadros psiquiátricos. Todavia é fundamental sinalizar que não é um determinante, ou seja, não necessariamente é preciso ter um transtorno psiquiátrico para apresentar comportamentos suicidas.

Algumas pessoas podem apresentá-los diante de contextos estressores prolongados e de alto impacto, que é o caso do contexto atual, diante de perdas significativas afetiva e/ou matérias, isolamento social prolongado, convívio frequente com familiares abusivos e violentos, perda de sentido e propósito, adoecimento grave ou debilitante, traumas, rejeições recorrentes, bullying, abuso sexual, entre outros.

COMO LIDAR E BUSCAR AJUDA

Estes são os sinais mais frequentes e que ao perceber em você ou identificar em algum familiar ou amigo algumas destas falas e comportamentos, é fundamental oferecer escuta ativa, acolhimento, apoio e procurar ajuda profissional.

Se identificar sinalizações via redes sociais e se tratar de alguém próximo, procure conversar em particular, sem que a pessoa se sinta exposta, e ofereça escuta, demonstre interesse pelo que o outro está passando. Se for o caso de alguém desconhecido e que você não tenha acesso direto, você pode utilizar as próprias ferramentas da rede social para denunciar o publicação de modo que a plataforma seja avisada e possa entrar em contato com o perfil e alertá-lo.

Outras estratégias para lidar com tendências suicidas é buscar ajuda profissional de um(a) psiquiatra e um(a) psicólogo(a) para fazer acompanhamento com medicação e psicoterapia de modo a sair da crise e, através da terapia, encontrar novas saídas, estratégias de enfrentamento, novos sentidos, ressignificação de experiências, resolução de problemas, assim como estratégias de prevenção de recaída.

Existe ainda o CVV (Centro de Valorização da Vida) que promove atendimento 24 horas por telefone, email, chat para receber apoio emocional através do número 188 ou  pelo site https://www.cvv.org.br/ .

Não tenha receio de buscar ajuda. Pedir ajuda é um grande gesto de coragem e o primeiro passo para sua superação.

Para saber mais sobre o tema, confira:

https://www.cvv.org.br/

https://pebmed.com.br/covid-19-e-o-risco-de-suicidio/

https://repositorio.unb.br/handle/10482/23494

https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2020/05/31/atendimento-de-urgencia-relacionado-a-suicidio-cresce-durante-a-pandemia.htm

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/07/crescem-publicacoes-sobre-suicidio-no-brasil-durante-a-pandemia-veja-como-buscar-ajuda.shtml

https://www.brasildefato.com.br/2020/06/14/ansiedade-abuso-de-alcool-suicidios-pandemia-agrava-crise-global-de-saude-mental

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/veja-como-detectar-e-prevenir-o-suicidio-alem-de-mitos-sobre-o-tema.shtml

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/04/psicanalistas-oferecem-atendimento-gratuito-online-saiba-onde-encontrar.shtml

https://novaescola.org.br/conteudo/18355/8-mitos-sobre-o-suicidio-que-pais-e-educadores-precisam-conhecer

RELACIONAMENTO ABUSIVO: como reconhecer

RELACIONAMENTO ABUSIVO: como reconhecer

Você sabe o que é um relacionamento abusivo? Quais características que ele apresenta e que evidencia que é hora de buscar ajuda? É sobre este tema que hoje vamos abordar aqui no blog do MAMTRA.

Muitas vezes, nos envolvemos com pessoas e, por gostar muito, amar, acreditar ser normal, validar intensidades como sinal de afeto, ou mesmo negar as disfuncionalidades, temos dificuldades de entender o quão abusiva é aquela relação.

Uma relação amorosa saudável promove amor, respeito, bem estar, crescimento mútuo, apoio, validação, escuta ativa, estando presente a admiração um pelo outro, o cuidar de si e o cuidar do outro, bem como o sexo com liberdade e expressão recíproca da sexualidade dos parceiros envolvidos.

Mas existem relacionamentos que de fato se estabelecem de forma abusiva, psicologicamente ou fisicamente ou mesmo as 2 coisas. E quando isso acontece é preciso denunciar e buscar ajuda para desvencilhar-se dele. Confira abaixo os principais sinais de um relacionamento abusivo:

  1. CONTROLE: quando um dos parceiros ou ambos assumem um comportamento de controle. São frequentes os comportamentos de vigilância constante, exigir que o outro se comporte, fale, vista-se, aja de determinado jeito, ler e-mails, mensagens de celular e redes sociais, exigir que o outro não se relacione com determinadas pessoas ou se afaste de relações significativas (familiares, amigos, colegas). Outra forma de controle muito frequente é o controle total das finanças do casal, de modo que o outro fique refém, privando a liberdade de escolha, o ir e vir sem comunicação prévia e “empréstimo” do dinheiro sob condições específicas. O abusador pode ainda usar as reservas sem acordo e comunicação prévia ao parceiro, colocando ambos ou família em situação difícil (dívidas e necessidades);
  2. MANIPULAÇÃO: quando há uma distorção de fatos, levando o outro a perda do senso de realidade. O manipulador terceiriza a responsabilidade para o outro que passa a assumir a responsabilidade integral por tudo de errado ou difícil que acontece no dia a dia e na relação.
  3. DESTRUIÇÃO DA AUTOESTIMA: Faz a pessoa duvidar da própria memória, percepção, qualidades, capacidades e sanidade, minando a autoestima e autoconfiança de quem sofre o abuso, sentido-se ela cada vez mais refém da relação. Muito recorrente comportamentos de invalidação de sentimentos, comportamentos, emoções, gerando ainda mais confusão mental na vítima;
  4. CIÚME EXCESSIVO: o ciúme se apresenta de forma patológica, mas que distorcidamente é visto e validado como sinal de expressão de amor e interesse. Este comportamento termina privando a liberdade do(a) parceiro(a) que evita situações que gerem ataques de ciúme do outro;
  5. COMPENSAÇÕES: normalmente acontecem com pedidos de desculpas, promessas de que nunca mais vai se repetir a situação de abuso, presentes, para camuflar os maus-tratos e manter-se no controle, levando à vítima a acreditar na perspectiva de mudança e alimentar o ciclo do abuso com “pausas” de alívio das tensões;
  6. DESQUALIFICAÇÃO: humilhar, desqualificar, rebaixar, criticar excessivamente, colocar o(a) parceiro(a) em situação de constrangimento, frente à outras pessoas ou no espaço privado do casal. Muito recorrente relatos de que “em casa é uma coisa e na frente dos outros é outra pessoa”;
  7. CHANTAGENS E AMEAÇAS: que podem acontecer de forma direta como “se você não fizer___, eu vou” ou sutil como “eu te amo, mas…”, assujeitando o tempo todo a vítima a se sentir obrigada a acatar as condições do(a) parceiro(a) e ficar refém do controle do abusador;
  8. EXIGIR RELAÇÕES SEXUAIS: cobrar e forçar o(a) parceiro(a) a fazer sexo sem consentimento, cometendo, assim violência física sexual.

Para denunciar e buscar ajuda, segue abaixo alguns contatos importantes:

  • DISQUE 180 – Central de Atendimento à Mulher: funciona 24 horas, recebe ligações de qualquer lugar do país, para fornecer informações e encaminhar denúncias. A ligação é gratuita de telefone fixo ou celular;
  • DELEGACIA DA MULHER: confira neste link endereços e contatos http://uspmulheres.usp.br/rede-sp-ddms/
  • DISQUE 190 – você pode procurar a polícia militar em situações de violência e risco, especialmente em locais onde não existam delegacias da mulher;
  • “METE A COLHER” – app criado pela empresa Casa Comunicação, de Recife, que permite fazer denúncias de maus tratos e buscar ajuda, unindo vítimas a pessoas dispostas a ajudar vencer e sair do relacionamento abusivo

Para saber mais, confira os links abaixo:

http://www.justificando.com/2018/06/08/violencia-domestica-saiba-onde-e-como-denunciar/

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/04/02/veja-quais-sao-as-delegacias-da-mulher-que-funcionam-24-horas-em-sao-paulo.ghtml