CONFLITO: como fazer gestão de conflitos

CONFLITO: como fazer gestão de conflitos

Gestão de conflitos é um daqueles assuntos que interessa a todos exatamente porque  todos nós vivenciamos. Imaginar ou desejar uma vida sem conflitos é simplesmente irreal, ilusão. E como estamos em tempos de pandemia, resolvi escrever sobre este assunto: em casa ou no trabalho, como fazer gestão de conflitos?

O QUE É CONFLITO?

Segundo Berg (2012), a palavra conflito vem do latim conflictus, que significa choque entre duas coisas, embate de pessoas, ou grupos opostos que lutam entre si, ou seja, é um embate entre duas forças contrárias.

Quando falamos de conflito, ou estamos vivenciando ele, percebemos, assim, que existem dimensões antagônicas que o configuram. Sejam antagonismos internos (EU X EU), sejam antagonismos externos (EU X OUTRO ou EU X MUNDO).

Estes antagonismos geram tensão porque eles se contrapõem e criam uma situação dilemática, ou seja, um ponto de estresse, desacordo, discordância, divergência, em que interesses, necessidades e/ou direitos se apresentam desrespeitados, desconsiderados e/ou ameaçados.

MAPEANDO CONFLITOS

Por exemplo: quando vivenciamos um conflito interno (EU X EU), podemos experienciar uma vontade de mudar algo em nós, transformar, realizar algo diferente que se contrapõe ao movimento interno de resistência em permanecer na zona de conforto, no que já é conhecido para nós, no que já sabemos lidar até aqui. O conflito, neste caso, se dá na tensão entre mudar X permanecer, ou seja, direcionar forças para fazer diferente, ou continuar no automatismo, no estático, no que já é conhecido.

Agora vamos pensar num exemplo EU X OUTRO, que muitos devem estar vivenciando neste momento de distanciamento social, por não estarmos acostumados a ficar 24hs com nossos familiares, parceiros, filhos, colegas de moradia, bem como muitos também não estavam acostumados ao home-office (teletrabalho). Foque neste momento em alguma situação de conflito com 1 pessoa que você tenha vivenciado ao longo desta quarentena ou esteja vivenciando neste momento com alguém, seja em casa ou parte da sua equipe no seu trabalho.

Faça-se as seguintes perguntas:

  • Qual foi o estopim da situação? O que exatamente deflagrou o conflito?
  • Qual ou quais pontos estavam sendo reivindicados por você e pelo outro? O que se mostra divergente entre estas reivindicações?
  • Alguém cedeu ou está disposto a ceder, flexibilizar?
  • O que significa ceder / flexibilizar para você? E para o outro?
  • Qual ou quais motivos estão por trás da manutenção do conflito? E da busca de resolução?
  • O que preciso aceitar para seguir rumo à resolução? E o outro?
  • Quero resolver efetivamente ou quero ganhar nesta situação X o outro?

Talvez neste exato momento você esteja pensando “mas Lilah, sinceramente, na hora que a coisa está pegando fogo eu não penso nestas perguntas!”. Sim, super acredito. Mas a questão é: e quando você se distancia momentaneamente minimamente do conflito? E quando você consegue estar presente e prestar atenção efetiva no que está acontecendo, mesmo que o outro não esteja fazendo isso? O que você faz com tudo isso?

Estas perguntas propostas acima são exatamente para serem praticadas neste momento de distanciamento momentâneo ou suspensão temporária do conflito, ou seja, nos momentos que o conflito ainda não foi resolvido, gerando espaço de reflexão e busca de soluções.

Agora pensando numa situação exemplo EU x MUNDO, ou seja você na comunidade, você parte do mundo x problema real (exemplo: pandemia COVID-19). Como que você poderia trazer estas perguntas para gerenciar o conflito seu X contexto? Confira algumas possibilidades abaixo:

  • Qual foi o estopim da situação? O que de fato está acontecendo e gerando o conflito?
  • Qual ou quais pessoas estão envolvidas no conflito/situação?
  • Qual ou quais pontos estão sendo reivindicados? O que se mostra divergente entre estas reivindicações x contexto/situação?
  • Você tem poder de ação frente ao contexto? O que você pode fazer para gerenciar este conflito/situação da melhor forma?
  • Quais vantagens e desvantagens em resistir, negar, contrariar o contexto?
  • Quais vantagens e desvantagens em ceder, flexibilizar, aceitar o contexto?
  • Qual ou quais alternativas envolvem mais vantagens e benefícios a todos os envolvidos x contexto/situação?
  • O que preciso aceitar para seguir rumo à resolução? E os outros?

GESTÃO DE CONFLITOS

A questão é que ouvimos muito a seguinte frase: “odeio deixar as coisas em aberto, odeio esperar, odeio deixar um problema sem solução.” De fato, quando temos um conflito em andamento, ou uma questão em aberto, vivenciamos emoções as mais diversas, inclusive desagradáveis. Mas estamos acostumados e somos incentivados por nossa sociedade a sermos resolutos, a entender que tomar decisões precisam ser rápidas e de preferência imediatas. Porém esquecemos que quando fazemos isso o tempo todo, deixarmos de prestar atenção noutras possibilidades, nas reais necessidades envolvidas em cada situação dilemática, e que tomadas de decisões e solução de problemas podem ser construídas ao longo do processo.

A proposta deste artigo de hoje foi ampliar nossa reflexão sobre gestão de conflitos. De lembrar-nos que solucionar ou gerenciar conflitos vai muito além de evitar novos, ou de solucioná-lo rapidamente, muitas vezes buscando apenas “nos livrar” dele.

Gerenciar conflitos envolve:

  • Entrar em contato com os interesses, necessidades, direitos dos envolvidos;
  • Questionar se o conflito em questão é relevante e qual grau de impacto;
  • Identificar oportunidades e ameaças que a situação apresenta;
  • Identificar e reconhecer o grau de poder de ação dos envolvidos x contexto (“o que está ao meu alcance para agir, fazer, resolver e superar este problema?”)
  • Aguçar a curiosidade e pensar criativamente;
  • Construir alternativas para a resolução do conflito, de preferência contemplando máximo benefício e menor impacto a todos envolvidos;
  • Lembrar que mudanças e transformações são impulsionadas pelos conflitos e sempre promovem aprendizados a todos os envolvidos que estejam abertos para eles.

Para saber mais:

BERG, Ernesto Artur. Administração de conflitos: abordagens práticas para o dia a dia. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2012.

https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/conflitos-transformando-em-oportunidades/

O que é Coaching Vocacional?

O que é Coaching Vocacional?

O Coaching Vocacional é um estilo / modalidade de coaching que tem foco em auxiliar pessoas com dúvidas e questões referente à escolha profissional, que pode acontecer em diferentes momentos de vida e carreira.

Tradicionalmente, quando falamos em trabalho voltado à parte vocacional, sempre lembramos dos adolescentes e dos anseios e conflitos que vivenciam em tenra idade pela 1a escolha profissional. Sim, eles são parte deste universo vocacional, mas não são os únicos que podem vivenciar a experiência do coaching vocacional, já que ao longo da nossa vida é possível fazermos novas escolhas, seja no sentido de mudar totalmente de rota, seja no sentido de ressignificar para seguir em frente na mesma em que se encontra.

O que faz o coach vocacional

O trabalho do coach vocacional é servir de facilitador no processo do coachee que busca ter maior clareza sobre seus objetivos de carreira, entendimento de pontos de insatisfação x momento de vida e carreira, clareza dos seus interesses, habilidades, competências, de modo que o coachee venha a decidir por novos caminhos, seja para ingressar numa nova área / ocupação profissional, seja realizar uma transição e encontrar novos motivos e sentidos para seguir em frente na escolha que aqui já vinha exercitando até aqui.

Etapas do processo

Para que este trabalho aconteça, é importante levar o coachee a passar por algumas etapas norteadoras:

  • Autoconhecimento: conhecer suas características, pontos fortes, fraquezas, interesses, habilidades, motivações, potencialidades reconhecimento e alinhamento de percepções eu x outro x mundo.
  • Valores: entrar em contato com valores que são realmente importantes na sua vida e carreira e o quanto ele tem honrado ou colocado eles em cheque. Isto certamente impacta nas suas escolhas e tomadas de decisão.
  • Missão, Propósito: para que este coachee se conecte com o sentido da sua vida como um todo e o que busca de sentido para sua jornada profissional. Qual papel no mundo, na sua vida e comunidade deseja / se reconhece para que possa identificar motivos para entrar em ação em busca de tornar isso realidade.
  • Conhecimento do mercado: provocá-lo a informar-se sobre as diversas profissões, formas de trabalho / ocupação,  conhecer e entrar em contato com as diversas áreas, atividades, modos de fazer, objetos, ambientes profissionais e formas de contratação, quebrando alguns mitos e alinhando sua percepção sobre o mercado de trabalho.
  • Critérios de Escolha: fazer o coachee reconhecer “o quê, para quê, onde, fazendo o quê, e com quem” ele deseja atuar, para que possa aos poucos filtrar e gerar critérios alinhados com seus interesses, perfil, valores e propósito.

Para vivenciar estas etapas, o coachee ao longo das sessões realizará uma série de ferramentas com foco em avaliar seu perfil comportamental, reconhecimento de fazeres de seu interesse, identificação de habilidades, potencialidades mais fortes, médias ou fracas, reconhecimento de valores, missão, propósito, critérios de tomada de decisão, pesquisa de profissões, ocupações, instituições de ensino, ambientes de trabalho, bem como vivenciar entrevistas sempre com foco reflexivo para conectar todos os pontos que lhe permitam decidir e entrar em ação rumo às escolhas que se tornaram claras ao longo do processo.

Em resumo, o processo de coaching de carreira tem como entregas principais:

  • Auxiliar o coachee a Identificar carreira / área / ocupação profissional que mais se identifica
  • Direcionar o coachee a ter maior clareza sobre seus objetivos profissionais de curto, médio e longo prazo, estruturando sua Rota de Ação
  • Construir de um Plano de Carreira a partir de suas habilidades, competências, talentos, interesses, valores, missão, propósito.

 

Coaching para Crianças: é possível fazer?

Coaching para Crianças: é possível fazer?

Como hoje vemos no mercado se multiplicar diversos formatos de atuação do coach junto a diferentes nichos de mercado, resolvi trazer um pequeno debate sobre o Coaching para Crianças: será que é possível fazer?

Motivos

Alguns motivos e benefícios que o Coaching para Crianças proporciona:

  • Estruturar melhor divisão e gestão do tempo, ajudando a criança a reconhecer tempo que gasta no cumprimento de tarefas importantes da sua rotina: estudar, ir à escola, fazer as tarefas de casa, estudar para provas, descansar, higiene, alimentação
  • Estimular a criança a criar uma rotina, como uma rota de ação a ser vivenciada rumo ao seu objetivo (ex: estruturar uma rotina com foco em passar de ano sem ficar de recuperação, deixando claro o que ela precisará para concretizar este objetivo)
  • Desenvolver um mindset voltado a aprendizados, entendendo o erro como parte do acertar, como teste hipóteses/possibilidades de caminhos até alcançar melhores resultados
  • Provocar ela a refletir sobre consequências de suas escolhas, ações, de modo a contribuir para que ela encontre melhores soluções para situações do seu dia a dia
  • Desenvolver maior autonomia, independência, resiliência e senso de responsabilidade na resolução de problemas e alcance de seus resultados.

Coach x Psicólogo x Pedagogo

É muito importante falarmos que o trabalho do coach em nenhuma hipótese substitui o trabalho do psicólogo e pedagogo infantil. É fundamental entender que o trabalho do coach deve caminhar em parceria com o destes outros profissionais, uma vez que cada um tem foco num diferente aspecto do desenvolvimento da criança.

Psicólogos infantis atuam auxiliando a criança e suas famílias com os seguintes objetivos:

  • Promover redução de sofrimento emocional frente a eventos traumáticos de vida pessoal ou na sua trajetória escolar
  • Reconhecer e tratar quadros de enfermidade psicopatológicos de ordem emocional, cognitivo, comportamental (ex. transtornos de ansiedade, depressão, transtornos de personalidade, transtornos de espectro autista, déficits cognitivos, etc)
  • Promover orientação dos pais para realização de práticas parentais positivas e que estimulem o desenvolvimento da criança, sua autonomia, aprendizado positivo, monitoramento positivo.
  • Investigar padrões e conexões entre situações, pensamentos, emoções e comportamento da criança e propor trabalho terapêutico de forma a reduzir o sofrimento dela, melhor adaptação a novas situações desafiantes, melhor inserção social e treinamento de habilidades sociais.
  • Trabalhar orientação vocacional com crianças (conhecer as ocupações e profissões) e adolescentes em idade de 1a escolha vocacional.

Já o trabalho do pedagogo envolve as seguintes ações na escola e junto a professores e alunos:

  • Desenvolver projetos educacionais para promover profissionalização e desenvolvimento dos educadores.
  • Atuar como Coordenador, supervisor, liderando sistemas educacionais
  • Implementar, planejar, e acompanhar a qualidade e o desenvolvimento do ensino.
  • Auxiliar o corpo docente estimulando maior criatividade na aplicação das disciplinas, implementar técnicas de estudo, buscar a integração da escola com a comunidade.
  • Organizar os métodos de ensino, estimulando inovação, formação de grupos de professores competentes e motivados e promoção de ensino moderno e referencial.
  • Construir e qualificar equipes de ensino.
  • Orientar estudantes em processo de aprendizagem, utilizando-se de métodos psicológicos (não restritos à psicólogos) e pedagógicos.
  • Promover Orientação vocacional e auxiliar de modo instrutivo e reflexivo jovens na 1a escolha profissional.

Considerações Finais

A partir do que foi pontuado acima, fica melhor entendido o escopo de atuação de cada profissional junto à criança, família e escola. Coaches, psicólogos e psicopedagogos devem cada vez mais conhecer e ter clareza do escopo de atuação de cada profissional de modo a respeitar reciprocamente suas práticas e promover ações conjuntas para potencializar os benefícios, aprendizados e transformações na criança durante seu desenvolvimento.

Coaches podem ser ótimos parceiros dos psicólogos no fortalecer de estratégias e continuidade de treinamento de habilidades sociais, autonomia, independência, atuando no nível mais específico. É importante entender que o Coach deve atuar para potencializar os resultados, promover o poder de ação da criança, mas cabe ao psicólogo cuidar do sofrimento emocional, de questões atitudinais, comportamentais, no sentido de promover saúde psíquica, emocional e melhor inserção/interação social.

Por outro lado, coaches podem ser ótimos parceiros de pedagogos que propõem estratégias de otimização de ensino/aprendizados. O coach atuará no nível específico, gerando metas a partir dos objetivos de aprendizados proposto pela escola e pedagogo, estimulando a criança a realizar pequenas porções diárias de tarefas e comprometimento com seu processo de aprendizado, auxiliando na estruturação de rotina de estudos e incentivando a comemorar cada meta alcançada para promoção de uma criança motivada, resiliente aos desafios da sua jornada de desenvolvimento e escolar