TENDÊNCIAS SUICIDAS: quais os sinais e como lidar com a crise

TENDÊNCIAS SUICIDAS: quais os sinais e como lidar com a crise

Hoje vamos falar de um assunto de extrema importância e que ainda é um grande tabu na nossa sociedade: o suicídio. Costuma-se abordar este tema relevante durante o mês de setembro, onde acontece a campanha anual de prevenção contra o suicídio “Setembro Amarelo”. Mas isso não significa que não existam casos o tempo todo, apenas não são noticiados.

É muito importante falarmos sobre as tendências suicidas, quais sinais, como reconhecê-los e lidar com a crise, pois o número de casos vem aumentando neste contexto da pandemia, com o confinamento, aumento de quadros de ansiedade, depressão, conflitos familiares, violência doméstica, perdas afetivas, materiais e subjetivas. É uma questão prevenção urgente.

SUICÍDIO NO BRASIL

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o oitavo país no ranking  mundial de casos de suicídio. Nos últimos 28 anos, a taxa brasileira subiu para 30% de casos considerando a população nacional, um índice mais do que preocupante e que agora tem chamado ainda maior atenção por conta do contexto estressor provocado pela pandemia do coronavírus.

A rápida propagação do COVID-19 desde o último trimestre de 2019 afetou a população mundial promovendo grande medo por conta do risco real de contágio, adoecimento grave e morte por conta deste novo vírus. Fatores como isolamento social prolongado, convívio com familiares 24 horas, mudança radical de rotina, têm contribuído para o aumento dos sentimentos de angústia, tristeza, raiva, insegurança, incertezas, perda de sentido de vida, descrença, além de comportamentos de agressividade, violência, uso de substâncias psicoativas (drogas, álcool, tabagismo, etc).

TENDÊNCIAS SUICIDAS

Tendências suicidas são comportamentos sinalizadores de ideação, planejamento e risco iminente de execução de tentativa de suicídio. Infelizmente muitas pessoas ainda têm a crença de que o suicídio é “frescura”, que é coisa de quem quer chamar a atenção de outras pessoas, ou mesmo de pessoas fracas, egoístas. Mas todos estes mitos dizem respeito à falta de informação sobre o que é, bem como o julgamento das pessoas sobre aquelas que sofrem com este comportamento.

Considerar “frescura” o fato de, a cada 40 segundos no mundo, uma pessoa tira a própria vida é no mínimo falta de empatia e compaixão, sem falar na falta de informação. Sendo assim, a proposta deste artigo é exatamente levantar quais sinais de tendências suicidas mais frequentes para que possa contribuir na prevenção de novos casos. São eles:

  • Falar sobre vontade de morrer com pessoas à volta e nas redes sociais;
  • Falta de sentido de vida, falta propósito para continuar vivendo;
  • Sentir-se um peso na vida de outras pessoas, especialmente a de familiares e amigos;
  • Sentir angústia emocional insuportável a ponto de ter a estratégia do suicídio como meio de livrar-se ou aliviar este sofrimento;
  • Uso abusivo de substância psicoativas como estratégia de aliviar ou livrar-se do sofrimento (álcool, drogas em geral);
  • Pesquisar formas de se matar;
  • Agir de modo irresponsável;
  • Agitação, ansiedade, insônia;
  • Afastamento de pessoas queridas (familiares e amigos);
  • Demonstrar raiva ou vontade de vingança;
  • Apresentar alterações extremas de humor e com frequência;
  • Mudanças súbitas e marcantes no comportamento;
  • Pessimismo, negativismo, sentimento de desesperança em relação ao futuro;
  • Perda de interesse por atividades anteriormente prazerosas;
  • Doação de pertences de valor pessoal;
  • Quitação de dívidas;
  • Pesquisar e ou contratar advogado(a) para confecção de testamento, especialmente em casos sem idade avançada ou ocorrência de doenças terminais;
  • Falar sobre sentir-se pronto para morrer e diálogos com cunho de despedida.

O suicídio pode estar associado a diversos quadros como depressão, transtornos de ansiedade, casos de relacionamento abusivos, violência doméstica, uso de drogas, alcoolismo, transtorno de personalidade borderline, transtorno bipolar, esquizofrenia e muitos outros quadros psiquiátricos. Todavia é fundamental sinalizar que não é um determinante, ou seja, não necessariamente é preciso ter um transtorno psiquiátrico para apresentar comportamentos suicidas.

Algumas pessoas podem apresentá-los diante de contextos estressores prolongados e de alto impacto, que é o caso do contexto atual, diante de perdas significativas afetiva e/ou matérias, isolamento social prolongado, convívio frequente com familiares abusivos e violentos, perda de sentido e propósito, adoecimento grave ou debilitante, traumas, rejeições recorrentes, bullying, abuso sexual, entre outros.

COMO LIDAR E BUSCAR AJUDA

Estes são os sinais mais frequentes e que ao perceber em você ou identificar em algum familiar ou amigo algumas destas falas e comportamentos, é fundamental oferecer escuta ativa, acolhimento, apoio e procurar ajuda profissional.

Se identificar sinalizações via redes sociais e se tratar de alguém próximo, procure conversar em particular, sem que a pessoa se sinta exposta, e ofereça escuta, demonstre interesse pelo que o outro está passando. Se for o caso de alguém desconhecido e que você não tenha acesso direto, você pode utilizar as próprias ferramentas da rede social para denunciar o publicação de modo que a plataforma seja avisada e possa entrar em contato com o perfil e alertá-lo.

Outras estratégias para lidar com tendências suicidas é buscar ajuda profissional de um(a) psiquiatra e um(a) psicólogo(a) para fazer acompanhamento com medicação e psicoterapia de modo a sair da crise e, através da terapia, encontrar novas saídas, estratégias de enfrentamento, novos sentidos, ressignificação de experiências, resolução de problemas, assim como estratégias de prevenção de recaída.

Existe ainda o CVV (Centro de Valorização da Vida) que promove atendimento 24 horas por telefone, email, chat para receber apoio emocional através do número 188 ou  pelo site https://www.cvv.org.br/ .

Não tenha receio de buscar ajuda. Pedir ajuda é um grande gesto de coragem e o primeiro passo para sua superação.

Para saber mais sobre o tema, confira:

https://www.cvv.org.br/

https://pebmed.com.br/covid-19-e-o-risco-de-suicidio/

https://repositorio.unb.br/handle/10482/23494

https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2020/05/31/atendimento-de-urgencia-relacionado-a-suicidio-cresce-durante-a-pandemia.htm

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/07/crescem-publicacoes-sobre-suicidio-no-brasil-durante-a-pandemia-veja-como-buscar-ajuda.shtml

https://www.brasildefato.com.br/2020/06/14/ansiedade-abuso-de-alcool-suicidios-pandemia-agrava-crise-global-de-saude-mental

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/veja-como-detectar-e-prevenir-o-suicidio-alem-de-mitos-sobre-o-tema.shtml

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/04/psicanalistas-oferecem-atendimento-gratuito-online-saiba-onde-encontrar.shtml

https://novaescola.org.br/conteudo/18355/8-mitos-sobre-o-suicidio-que-pais-e-educadores-precisam-conhecer

MAPA MENTAL: COMO UTILIZAR ESTA FERRAMENTA

MAPA MENTAL: COMO UTILIZAR ESTA FERRAMENTA

Mapa mental é uma técnica visual de estruturação de ideias, planejamento e organização criada em 1960 por Tony Buzan, matemático e psicólogo inglês, que na ocasião estava à frente de uma série na BBC chamada “Use your head”.

Basicamente se trata de um diagrama muito utilizado na gestão de informação, conhecimento, que auxilia na melhor compreensão de problemas e otimiza a tomada de decisão. É uma técnica bastante utilizada também como técnica de estudo, memorização de conteúdos, brainstorming de ideias.

Para construir um mapa mental, você deve partir de uma palavra-chave e a partir dela construir ramificações de informações, ou categorizações, representando de forma detalhada o relacionamento contextual das informações que você esteja trabalhando. Como resultado do uso da técnica, você poderá:

  • Ter melhor compreensão de um conceito;
  • Dar forma e/ou contexto para uma ideia;
  • Gerar conexões, relações de causa e efeito entre informações;
  • Reunir, agrupar informações por similaridade gerando maior clareza
  • Otimizar seu planejamento, organização, estruturação de projetos, rotina diária, estudo, fluxo de trabalho, antes de entrar em ação.

Fonte imagem: https://unisecal.edu.br/blog/como-estudar-com-mapas-mentais/

COMO CONSTRUIR UM MAPA MENTAL

Para construir um mapa mental existem algumas diretrizes proposta pelo autor:

  • Comece colocando no centro com uma folha em branco uma imagem ou palavra-chave do assunto, usando pelo menos três cores;
  • Procure utilizar imagens, símbolos, palavras e dimensões em todo o seu mapa mental, de forma direta, objetiva;
  • Coloque cada palavra/imagem sozinha e em sua própria linha;
  • As linhas devem estar conectadas a partir da imagem central. As linhas centrais são mais grossas, orgânicas e afinam-se à medida que irradiam para fora do centro da imagem;
  • Construa linhas do mesmo comprimento que a palavra/imagem que suportam;
  • Use várias cores em todo o mapa mental, para a estimulação visual e também para codificar ou agrupar ideias e assuntos;
  • Desenvolva seu próprio estilo pessoal de mapeamento da mente, quanto mais do seu jeito, mais sentido fará para você;
  • Use ênfases e mostre associações entre imagens/palavras/assuntos no seu mapa mental;
  • Mantenha o mapa mental claro, usando hierarquia radial, ordem numérica ou contornos para agrupar ramos.

A intenção é que seu mapa mental reflita de forma rápida e objetiva a ideia que você deseja expressa ou tornar mais memorável. Isto facilitará na compreensão e memorização mais rápida do que no formato de prosa ou lista.

Você pode construir um mapa mental a partir de qualquer ideia, imagem, conceito, palavra, atividade, profissional ou de lazer, montando ele individualmente ou em coletivo, facilitando no planejamento de projetos ou eventos que deseja realizar.

Fonte imagem: https://www.goconqr.com/pt-BR/examtime/blog/tudo-sobre-mapas-mentais/

Mas caso você prefira utilizar plataformas ou apps que pemitam você construir e compartilhar seus mapas mentais, seguem algumas sugestões:

  • Mind Meister: conteúdo disponível na nuvem, caráter colaborativo e em tempo real, além de layout bem agradável;
  • XMind: apresenta diferentes formas para você compartilhar seus mapas mentais e está disponível nas versões paga e grátis.
  • Mind Mapr: é uma extensão do Google Chrome e permite você criar diretamente no navegador mesmo estando off-line;
  • Coggle: gratuito, online e colaborativo, além de não ter limites para o upload de imagens;
  • Mind Node:  simples e prático, também possui versão gratuita. Porém apenas funciona no sistema iOS;
  • Canva: trás diversas opções de modelos além de você conseguir personalizar do seu jeito. Você pode usar a versão gratuita ou pro (paga). Ainda que o foco da ferramenta não seja a criação de mapas mentais, ele pode ser usado quando a intenção é fazer um especial e diferente.
Fonte da imagem: https://dicaorganizada.com.br/organizacao/1978/

Comece agora mesmo e sinta como esta ferramenta simples pode ajudar você a otimizar seu planejamento e organização de ideias, rotinas e projetos. Importante lembrar que você pode ajustar, melhorar e atualizar a qualquer tempo promovendo sua melhoria contínua.

Para saber mais e conhecer estas e outras ferramentas, acesse:

7 Aplicativos para Criação de Mapa Mental

https://www.canva.com/pt_br/graficos/mapa-mental/

https://www.mindnode.com

https://www.mindmeister.com/pt

https://coggle.it

PADRÃO DE VIDA X REALIDADE FINANCEIRA

PADRÃO DE VIDA X REALIDADE FINANCEIRA

Você sabe o que é padrão de vida? Sabe como anda o seu? Ele está de acordo com a sua realidade financeira? Vamos refletir um pouco a respeito destes 2 conceitos, como eles impactam na sua saúde mental e como você pode encontrar o equilíbrio.

PADRÃO DE VIDA

Padrão de vida, enquanto indicador econômico, diz respeito à quantidade de serviços e produtos disponíveis per capita numa população. Mas quando falamos do padrão de vida de uma pessoa, consideramos, em verdade, que se trata do conjunto que envolve todos os gastos e custos que ela tem relacionados às suas necessidades (objetivas e subjetivas).

Estipular e ter clareza a respeito do seu padrão de vida é importante para você saber quais são suas prioridades e gerenciar suas finanças de acordo com as necessidades. Sendo assim, entendemos que uma pessoa que tem saúde financeira, equilíbrio nas finanças, é alguém que consome produtos e serviços de acordo com o que de fato necessita, com suas prioridades, dentro da sua realidade financeira, incluindo, como parte desta gestão, uma reserva de emergência e investimentos.

De modo mais genérico, temos como referência os seguintes tipos de padrão de vida:

  • Padrão de vida baixo:é o padrão mínimo para viver de forma digna. Envolve somente atender as necessidades básicas como moradia de baixo custo, vestuário básico, saneamento, energia, internet de baixo custo ou wi-fi gratuito, acesso à educação, transporte e saúde públicas, eletrodomésticos básicos e somente os necessários, alimentação e opções de lazer (gratuitas ou de baixo custo);
  • Padrão de vida médio:é entendido como o padrão mediano. Além de atender as necessidades do padrão mínimo, já inclui outros itens de maior valor como carro popular, casa/ap próprio ou de aluguel confortável, internet e TV a cabo, acesso a escolas, cursos e universidades, plano de saúde, roupas e eletrodomésticos de qualidade, condições de pagar por serviços não prioritários, viajar periodicamente (e se possível ter reserva financeira e investimentos);
  • Padrão de vida alto:é entendido como padrão mais luxuoso e dispendioso, que inclui acesso a todos os bens e serviços da classe média em uma categoria superior, como carros e casas de alto padrão, roupas de grife, serviços exclusivos, viagens internacionais frequentes e os gastos compatíveis com uma renda bem acima da média da população

Mas e como é possível ter clareza do seu padrão de vida? Existem diversas ferramentas, apps, plataformas e consultores financeiros que podem ajudar você com isto de forma peresonalizada e detalhada. Mas de cara e de forma rápida, você precisa listar e ter clareza dos seguintes pontos:

  • Custos fixos: aqueles valores que você paga de forma recorrente sejam falores pré-fixados ou que sofram pequenas flutuações (ex: aluguel, luz, gás, condomínio, iptu, internet, telefone, etc);
  • Custos variáveis: aqueles valores que você paga de forma variável, seja porque não consome com regularidade, seja porque pode envolver variações maiores de valores (ex: transporte, alimentação, lazer, vestuário, parcelamentos, etc);
  • Custos anuais: aqui entram os impostos (ex: IRPF, IPVA, IRPJ, etc)
  • Reserva financeira: todo valor que você guarde com foco em prevenção de riscos e emergências, planos futuros, independência e tranquilidade financeira.

REALIDADE FINANCEIRA

Realidade financeira diz respeito exatamente ao que você recebe, mês a mês, de redimento, de dinheiro disponível para você, isto é, valor total do que você tem a disposição para cobrir suas necessidades.

Entende-se que uma pessoa tem equilíbrio nas finanças quando seu padrão de vida é compatível com sua realidade financeira, ou seja, o que ela recebe de salário / rendimentos é suficiente para ela cobrir todas as suas necessidades, pagar todas as suas contas fixas e variáveis e, de preferência, guardar um pouco todos os meses na sua reserva financeira.

Se alguém gasta mais do que recebe, a conta não fecha, e aí é que mora o perigo. Quando você tem um padrão de vida acima da sua realidade financeira significa que o que você ganha não custeia todas as suas necessidades (ou o que você imagina ser necessidade), sobram contas em aberto e o risco de endividamento se transformar numa bola de neve é grande.

IMPACTOS

Muitas pessoas que vivem com dívidas, contas em aberto, inadimplentes, por viverem num padrão acima da realidade de suas remunerações costumam vivenciar grandes preocupações, alto grau de ansiedade, tensão, angústia, que impacta diretamente na sua saúde integral. Muitas relatam sofrer de insônia, dores musculares, perda de ânimo, desesperança, depressão, crises de ansiedade entre outros quadros de enfermidades físicas e emocionais. Sendo assim, de cara é possível notar como o desequilíbrio financeiro impacta negativamente na sua saúde, qualidade de vida e bem-estar.

Outro ponto importante é que, quando se tem dívidas, parcelamentos a perder de vista ou que comprometam muitos meses ou anos da sua vida, você pode começar a se sentir refém, trabalhar unicamente para pagar contas e boletos, comprometendo sua liberdade de escolhas e de promover mudanças em momentos que você não esteja mais feliz com sua carreira ou que o trabalho que você faz perde o sentido. E pior se torna a situação quando se perde o trabalho, em situações de crise, como esta que vivenciamos ao longo da pandemia.

Por outro lado, se você se propõe estipular um padrão de vida de acordo com a sua remuneração, isto certamente impactará positivamente em maior tranquilidade no seu dia a dia. O fato de você saber que está com suas contas pagas e/ou programadas, de guardar uma reserva mensal, independente do valor, impacta na sensação de segurança, estabilidade, bem-estar, satisfação, conforto e poder de ação para realizar o que você necessita e deseja, no curto, médio, longo prazo. Como consequência, você simplesmente reduz ou deixa de ter estas preocupações. Ou, se em algum momento imprevistos acontecem, você consegue dar solução, superar, pelo fato de anteriormente ter se organizado, planejado e se proposto a viver de forma congruente com sua realidade financeira. Impacta positivamente na sua saúde, promoção de bem-estar, qualidade de vida, liberdade, autonomia, independência, empoderamento e senso de realização.

Esta reflexão que trago hoje tem o objetivo de provocar você a perceber como tem cuidadado da sua saúde financeira. E que este cuidado é uma ESTRATÉGIA DE AUTOCUIDADO. Se você cuida das suas finanças, faz uma reserva, paga suas contas em dia, vive de acordo com sua realidade, você dificilmente terá um sofrimento intensificado a partir destas questões.

Mas se você ignora ou nega este aspecto, não se planeja, não faz qualquer reserva, não tem ideia de como andam seus custos fixos e variáveis, e gasta como se não houvesse amanhã, certamente em algum momento esta “bomba-relógio” irá explodir, com impactos terríveis na sua saúde mental e levar você a experienciar consequências bastante desagradáveis.

EM BUSCA DO EQUILÍBRIO

Você deve ter notado até aqui que, em nenhum momento, falei de números ou fórmulas ou scripts ideias. Isto foi proposital. A ideia é que você perceba que vai muito além de números e planilhas. Provoco você a perceber que promover sua saúde financeira envolve escolhas, estratégias de enfrentamento saudáveis, pensar em vantagens x desvantagens, autorresponsabilidade, organização, planejamento e disciplina.

Você pode começar a cuidar da sua saúde financeira a qualquer momento. Proponho que você comece hoje mesmo fazendo esta reflexão. Comece pequeno, sem pressa, primeiro entrando em contato com seu estado atual, com o como anda o seu padrão de vida, suas escolhas de consumo e gastos e confrontando com sua realidade financeira. O primeiro passo é perceber o COMO você está vivendo e direcionando seus rendimentos no dia a dia.

A partir desta tomada de consciência, procure listar qual ou quais gastos hoje são desnecessários, os chamados “ralos”. Aqueles gastos que você consegue cortar e que não necessariamente impactará em viver em absoluta restrição ou sofritmento. Experimente e veja você mesmo que é possível.

Avalie o que hoje você tem de realidade financeira, qual seu rendimento individual e/ou da sua família e como andam os gastos em relação a esta realidade. Especialistas recomendam que você tenha um padrão de vida até 70% dos seus ganhos, mas se conseguir ser ainda menor, mais você conseguirá guardar e assegurar maior segurança e liberdade de escolhas.

A grande solução está na educação financeira, que infelizmente até hoje não aprendemos na escola. Mas a boa notícia é que os canais de informação se multiplicaram infinitamente pelo universo online, além de que você pode buscar ajuda profissional de consultores financeiros especializados.

Não tenha receio de buscar ajuda. É um gesto de coragem e de autocuidado que você estará fazendo para você mesmo e pela sua família. Comece hoje mesmo e evite problemas maiores futuros.

Para saber mais sobre o assunto, deixo estes links aqui para você:

https://www.instagram.com/danielfunabashi.ihub/

https://noticias.r7.com/economia/economize/veja-5-sinais-de-que-voce-mantem-um-padrao-de-vida-acima-da-renda-04082020

https://www.onze.com.br/blog/padrao-de-vida/

https://empreenderdinheiro.com.br/blog/padrao-de-vida/

https://www.foregon.com/blog/padrao-de-vida-como-se-readequar-a-sua-realidade-financeira/

SAÚDE MENTAL E BEM-ESTAR: as contribuições da Terapia dos Esquemas

SAÚDE MENTAL E BEM-ESTAR: as contribuições da Terapia dos Esquemas

O que você tem feito por você ultimamente? Como tem cuidado da sua saúde mental e bem-estar? Sabia que a terapia dos esquemas é uma abordagem que oferece múltiplas ferramentas de autoconhecimento, autocuidado, promoção de saúde e qualidade de vida? Pois bem, vamos falar sobre as contribuições da terapia dos esquemas para uma vida mais saúdável, com mais bem-estar e sentido.

Como você já deve ter lido noutros artigos aqui do blog a respeito da terapia dos esquemas, esta é uma abordagem integrativa em psicoterapia, ou seja, que foi estruturada reunindo referenciais teóricos de diferentes linhas da psicologia, a saber:

  • Psicodinâmica (Psicanálise)
  • Teoria do Apego
  • Gestalt
  • Terapia Cognitivo Comportamental
  • Terapia focada na Emoção
  • Psicologia Positiva
  • Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)

Dentre as contribuições que a TE oferece, a partir deste conjunto de abordagens terapêuticas que a integram, temos as seguintes técnicas e estratégias na promoção de saúde e bem estar:

  • NECESSIDADES EMOCIONAIS BÁSICAS: aprender a reconhecer quais necessidades emocionais básicas foram e/ou estão ausentes ou pouco nutridas a partir da nossa história de vida e relações. Como é possível buscar atender nossas necessidades emocionais de forma saudável e assertiva;
  • RELAÇÃO TERAPÊUTICA: que é a relação entre paciente e terapeuta. Esta relação está à serviço do processo de cura e mudança do indivíduo, uma vez que nela são reproduzidos comportamentos e padrões disfuncionais que ele realiza nas suas outras relações, sendo esta relação espaço de aprendizado, reparação, mudança e treino de novos padrões saudáveis a serem levados para a vida;
  • ESQUEMAS EMOCIONAIS: aprender a reconhecer qual ou quais esquemas se mostram ativados nos diferentes momentos de vida e situações, tendo consciência de como eles interferem na percepção de si mesmo, dos outros, do mundo, emoções, cognições e comportamentos. Quanto maior o autoconhecimento a respeito dos seus esquemas, mais o indvíduo passa a reconhecer quando seus padrões disfuncionais entram em ação, a partir de qual ou quais gatilhos, e promover ações diferentes buscando estratégias de enfrentamento mais saudáveis e assertivas;
  • TÉCNICAS VIVENCIAIS: elas contribuem diretamente na mudança de padrões emocionais, ou seja, promovendo transformação na relação do paciente com eventos traumáticos, entendimento de suas necessidades emocionais faltantes, expressão de emoções e falas reprimidas, bem como ressignificação de relações e momentos críticos de vida a partir do sentir;
  • TÉCNICAS COGNITIVAS: auxiliam na identificação de distorções cognitivas, o impacto delas nas emoções e comportamentos, avaliar vantagens e desvantagens das crenças, o quanto elas limitam ou impulsionam para ação. Elas também contribuem na mudança de mindset trabalhando a flexibilização e ressignicação cognitiva para ampliar o repertório com pensamentos mais assertivos e saudáveis;
  • TÉCNICAS COMPORTAMENTAIS: convidam o indivíduo a entrar em ação, entendendo que com ações diferentes ele terá novos fatos, novas experiências, que impactarão no sentir e na reflexão a seu próprio respeito e dos outros. As técnicas comportamentais geram espaço de desenvolvimento de novos estilos de enfrentamento, aprendizado de comportamentos mais funcionais, adaptativos e saudáveis e também ampliar o repertório emocional e comportamental para viver com maior bem estar e qualidade de vida;
  • PSICOLOGIA POSITIVA: trás o olhar para a salutogênese, ou seja, para que a pessoa foque na sua promoção de saúde integral, bem estar, qualidade de vida, viver com sentido e priorizando colocar em prática suas forças pessoais e valores como norteadores de escolhas e ações;
  • ACEITAÇÃO E COMPROMISSO: técnicas que provocam o paciente a avaliar o quanto vale a pena resistir à mudança, ou fixar-se em alguns padrões emocionais, relacionais e comportamentais disfuncionais. São técnicas que convidam o indivíduo a olhar para si, para os outros, relações e situações buscando aceitar como de fato se apresentam. Ao aceitar a si mesmo, as coisas e pessoas como de fato são e se mostram, com virtudes e vulnerabilidades, incertezas e imprevistos, ajuda na tomada de consciência do que faz bem, do que não faz, do que gera sofrimento e assumir o compromisso do que está disposto a fazer dali para frente para viver melhor, com sentido, em paz, com equilíbrio, harmonia, saúde, bem-estar, agindo naquilo que de fato está ao seu alcance e poder de ação de transformar.

Como você pode pôde rapidamente nesta leitura ver, são múltiplas as estratégias e contribuições que a terapia do esquema apresenta para promover saúde mental, qualidade nas relações, regulação emocional, aprendizado de habilidades, fazer melhores escolhas, resolução de problemas, tomada de decisão e mudanças em padrões emocionais, relacionais e comportamentais de longas datas.

Por se tratar de uma abordagem integrativa, o objetivo maior é que a pessoa viva plenamente a sua vida, de forma autêntica, seja quem de fato ela é, esteja bem com suas escolhas, assuma responsabilidades, viva com autonomia, independência, construa e nutra relacionamentos saudáveis consigo mesmo, com os outros, trabalhos, diferentes grupos e contextos. Enfim, que ela viva com sentido, colocando em prática seus valores, suas forças pessoais e desenvolva a capacidade de autorregular-se diante dos desafios, mas também de buscar ajuda quando sentir que sozinha não consegue superá-los. A terapia do esquema convida o indíviduo a tomar consciência de que mais importante do que o que aconteceu e fizeram com ele é o que ele escolhe fazer com tudo isso e daqui por diante para viver com sentido, saúde integral, qualidade e vida e bem estar.

Para saber mais a respeito da Terapia dos Esquemas, confira os links abaixo:

TERAPIA DO ESQUEMA: o que é?

O que são ESQUEMAS?

A RELAÇÃO TERAPÊUTICA NA TERAPIA DO ESQUEMA

AVALIAÇÃO DOS ESQUEMAS: como acontece?

TERAPIA DA ACEITAÇÃO E COMPROMISSO

TIPOS DE APEGO

 

 

VOCÊ ATUALIZA SEU PASSADO? Como andam suas escolhas

VOCÊ ATUALIZA SEU PASSADO? Como andam suas escolhas

A proposta do artigo de hoje é convidar você a refletir: em que tempo você está neste exato momento? Você atualiza seu passado? Vive preocupado com o futuro? Que tal hoje refletir a respeito do tempo e como você se relaciona com ele?

Conhece alguém que costuma estar sempre se referindo a experiências passadas, atualizando-as, seja de forma parecida ou repetindo situações? Pessoas assim costumam se apresentar apegadas a experiências do passadas, sejam elas positivas ou negativas. Se positivas, costumam ser saudosistas e isto termina direcionando seu foco para o passado, para o que já viveu e não é possível voltar, e deixam de enxergar oportunidades no aqui e agora a serem vividas, descobertas a serem aproveitadas. Se negativas, como no caso de a pessoa ter vivenciado um trauma, ela pode assumir um padrão constante evitativo com medo de repetir aquela experiência traumática, também deixando de se abrir para novas oportunidades e experiências no presente. Ou seja, ela vive presa ou em função de um tempo em que já passou, o passado, e que não pode mudar o que houve, gerando sofrimento ou dificuldade para seguir em frente.

Exemplos de falas e/ou sentimentos que pessoas presas ao passado, ou reatualizam ele com frequência, costumam trazer no seu repertório são:

  • “Naquele tempo, era tão diferente, tão bom…” – expressando saudosismo
  • “Eu deveria ter… (feito/dito/sido/realizado/me permitido)” – expressando algum arrependimento
  • “Me sinto culpado(a) por…” – expressando culpa por algo que tenha acontecido, algum erro ou falha que tenha cometido e não consegue se perdoar ou se permitir ir em frente sem este peso
  • “Sinto muita raiva / mágoa por…(você mesmo(a) ou por outra pessoa que tenha feito algo que não tenha gostado e restou raiva, rancor ou mágoa)
  • “E se eu tivess (feito/dito/sido/realizado/me permitido), será que seria diferente?” (presa a hipóteses que não poderão ser confirmadas, pois simplesmente não é possível mudar o passado, somente o aqui e agora).

Consegue perceber que nenhuma destas possibilidades é possível mexer lá atrás? Não temos o poder de mudar o passado. Mas é possível sim olhar para ele e se conectar com aprendizados a partir do que fez ou não, permitiu-se ou não, falou ou não.

Agora imagine ou lembre-se de uma pessoa que vive sempre preocupada com o que está por acontecer, com o futuro. Vejamos alguns exemplos de falas :

  • “Será que se eu (fizer, disser, permitir, deixar…), vai dar certo?”- pensamentos que revelam hipóteses de como pode agir, buscando acertar, mas apenas se tratam de possibilidades, não há ação;
  • “E se eu (fizer, disser, for, permitir, deixar…), o que acontecerá?”- expressando uma necessidade de previsibilidade, segurança, estabilidade, mas que não temos como controlar ou garantir eventos futuros;
  • “Mas se eu (fizer, disser, for, permitir, deixar…), vai acontecer tal coisa / fulano(a) vai ficar decepcionado(a) comigo / vou fracassar.” – expressando previsão negativa de futuro, esperando algo de pior a partir das hipóteses pensadas, e que algo necessariamente ruim acontecerá.

Percebe que se tratam de pensamentos hipotéticos que paralisam esta pessoa ao invés de ativá-las a entrar em ação? Estar no futuro gera grande ansiedade física e mental, e também se trata de um tempo que não se tem como mexer, mudar, controlar, garantir.

O fato é que o único tempo a ser vivido é o PRESENTE. E este tem sido um grande desafio para muitas pessoas. O presente é o único tempo que podemos ser / fazer / agir / mudar . E é a partir dele, do que nos permitimos viver, sentir, realizar, transformar, que construímos nossa história e que teremos o futuro como consequência do nosso hoje.

Sempre estamos escolhendo, tomando decisões a todo momento, desde a hora que acordamos até quando vamos dormir. E algumas destas escolhas podem ser assertivas outras não. Mas é fato que com todas elas podemos aprender, gerar resultados, sejam os mesmos e já conhecidos, sejam diferentes a partir de novas ações e novas escolhas.

A cada escolha que fazemos teremos consequências e isto nos convida a autorresponsabilidade, ou seja, assumir as consequências positivas ou negativas das escolhas feitas. Escolher tornar mais leve a jornada aprendendo a agradecer pelos momentos e escolhas bem vividos e a se perdoar e perdoar outros frente àqueles com conseguências desagradáveis. Escolher seguir em frente apesar do que vivenciou de experiência, fazer diferente a partir de hoje.

A culpa, a mágoa, a raiva, o ódio, o rancor costumam prender a pessoa ao passado, a uma situação, tornando mais pesada a experiência emocional e deixando de se abrir para novas oportunidades no presente. É preciso fechar ciclos para iniciar novos, morrer para (re)nascer, é preciso errar para acertar, agir diferente para alcançar novos resultados, mudanças e transformações, e entender o quão importante é estar no presente, no aqui e agora. As estratégias de mindfullness e meditação, esportes, atividades artísticas, autocuidado, aceitação e compromisso, compaixão são chaves para desenvolver esta presença e desfrute do único tempo a ser vivido: o presente.

TERAPIA SISTÊMICA: o que é?

TERAPIA SISTÊMICA: o que é?

A terapia sistêmica é uma abordagem que integra os campos da biologia e da psicologia com enfoque terapêutico. Ela apresenta raízes na terapia de família, mas pode ser também trabalhada individual, casal, relacionamentos e coletivos.

Esta abordagem tem como ponto de partida o conceito de sistema, proposto pelo biólogo e filósofo austríaco Ludwing Von Bertalanffy em sua Teoria Geral dos Sistemas, onde propôs que um sistema é um “complexo de elementos em interação” (BERTALANFFY, 1968). Isto significa que um sistema é composto de partes interdependentes, que se relacionam e integram este todo de forma dinâmica.

Imagem ilustrativa do conceito de sistema

Em consonância com este conceito, Bronfenbrenner (1979, 2002, 2004) contribuiu com o referencial teórico sistêmico e bioecológico de desenvolvimento humano, entendendo ser o indivíduo um ser integral, composto de diversas partes que se integram num todo, o ser, único, mas também parte de várias esferas de um sistema maior integrado.

Outras teorias que fazem parte desta abordagem envolve as contribuições da cibernética, teorias psicodramáticas, escola e Milão (Mara Selvini Palazzoli, Luigi Boscolo, Gianfranco Cecchin e Giuliana Prata), estrutural, escola de Palo Alto (Watzlawick, Weakland & Fisch, 1974; Fisch, Weakland & Segal, 1982). Aqui no Brasil, teve início na década de 1980, em Curitiba, a partir do trabalho da psicóloga Solange Maria Rosset.

Neste sentido, a pessoa é compreendida enquanto um sistema que, quando suas partes (dimensões de vida, emoções, comportamentos, pensamentos, crenças) estão “funcionando” bem, de forma integrada, consonantes, em equilíbrio, expressam saúde, vive com sentido, sendo este indivíduo capaz de viver com autonomia, independência, assumindo responsabilidade pelas suas escolhas. Por outro lado, se suas partes não se encontram integradas, em equilíbrio, a expressão deste sistema evidenciará sofrimento, adoecimento físico, psicoemocional, impactando negativamente e desiquilibrando suas relações (consigo mesmo, com outras pessoas, família, carreira, etc).

Dimensões do Ser

O sujeito também é compreendido como um subsistema, por exemplo, parte do sistema familiar, sendo que a forma que ele pensa, sente, age, se comporta impacta nos outros participantes deste sistema, seja de forma positiva, saudável, buscando apoio, parceria, reciprocidade nas relações com estes, ou o contrário, de forma negativa, gerando conflitos, desentendimentos, problemas na comunicação e relacionamentos, ou mesmo sendo expressão do adoecimento e sofrimento deste todo em desequilíbrio.

O foco da terapia sistêmica é gerar mudança, autonomia, independência, auxiliar o sujeito a construir e buscar estratégias saudáveis de enfrentamento, promoção de saúde, equilíbrio, viver com sentido, provocando-o a todo momento tornar-se consciente de sua autorresponsabilidade, pela sua vida, escolhas, promoção de bem estar e equilíbrio, ou o contrário, sofrimento, desequilíbrio e adoecimento.

Para o indivíduo buscar a mudança, o ponto de partida do trabalho terapêutico sistêmico é que ele compreenda seu funcionamento sistêmico, padrões mentais, comportamentais e emocionais automatizados, que estejam gerando desequilíbrio, sofrimento, adoecimento. A pessoa é convidada constantemente a refletir como ela está atuando contribuindo para seu sofrimento, de modo que ela possa encontrar estratégias alternativas para estabelecer um novo equilíbrio do seu sistema, consciente que cada ação (ou não ação) implica em consequências, sendo ela responsável pelas suas escolhas, tomadas de decisão, resolução de problemas, acionando seus recursos internos e externos para tanto.

A proposta é que ela coloque em prática ações que promovam saúde, bem estar, reestabelecimento de equilíbrio do seu sistema, com sentido, de forma autônoma e independente, sendo ela capaz de levar consigo as ferramentas e aprendizados do seu processo terapêutico para a vida.

Para saber mais a respeito da Terapia Sistêmica, confira os links abaixo:

https://www.vittude.com/blog/terapia-relacional-sistemica/

https://amenteemaravilhosa.com.br/terapias-sistemicas/

TERAPIA DA ACEITAÇÃO E COMPROMISSO

TERAPIA DA ACEITAÇÃO E COMPROMISSO

A terapia da aceitação e compromisso é uma abordagem bastante recente criada por Steven C. Hayes. A partir de seus estudos, bem como da sua experiência pessoal com o transtorno do pânico, o autor notou que a intensidade do sofrimento psicológico estava diretamente relacionada ao como o indivíduo se relaciona e responde a seus eventos internos (cognições, emoções, reações fisiológicas), e não diz respeito aos fatos e situações em si que lhes acontece. Ou seja, ele identificou que, apesar da pessoa sentir grande desconforto emocional e experienciar distorções cognitivas, ainda assim era possível viver com sentido, aprendendo a aceitar e lidar com o que acontece com ela e com o que está fora do seu alcance, o controle e ou mudança. (HAYES & LILIS, 2012, APUD PERGHER & MELO, 2014).

O principal pilar desta proposta terapêutica é o conceito de ACEITAÇÃO. Melo (2014) define que “aceitar não é concordar ou achar bom. Da mesma forma, não é assumir uma postura conformista e resignada. Aceitar implica receber as coisas como são apresentadas, sem tentar controlar as emoções.” (PERGHER & MELO, 2014, p.344). Neste sentido, aceitar envolve acolher as situações como elas de fato acontecem, sejam os pensamentos, as emoções, as reações fisiológicas, seja o que acontece no contexto, no ambiente, e está fora do seu poder de ação controlar ou modificar.

O outor pilar é o COMPROMISSO, que nos convida a “praticar ações que possibilitem uma vida mais significativa, independente da presença de eventos internos ou externos indesejáveis” (HARRIS, 2009, APUD PERGHER & MELO, 2014, p.345). E isto significa ativar o nosso poder de ação no processo, no colocar em prática estratégias de promoção de bem-estar, qualidade de vida, vida com sentido, saúde mental, saúde física, saúde integral, autocuidado, autorrespeito, no presente, e não no futuro, muito menos no atingir de metas específicas.

A ideia proposta pela ACT é trabalhar o indivíduo para que ele aceite a existência de eventos pessoais negativos, sejam eles pensamentos, emoções, memórias, vivências, mas sem ativar a esquiva ou evitação frente a eles. Por exemplo, diante de um paciente deprimido, que se encontra apático, descrente e com baixa energia, o terapeuta irá convidá-lo a aceitar como ele se apresenta neste momento, respeitar seus limites e vulneravilidades, e assumir o compromisso de dar pequenos passos para promover bem-estar e mudanças progressivas na sua rotina.

Se não está com energia para organizar toda a casa, que tal organizar apenas uma gaveta, ou lavar um copo, e ir incluindo novas ações progressivamente? Se não consegue escrever um artigo acadêmico inteiro, que tal propor ler 1 página, escrever 1 frase ou um parágrafo, dividindo em tarefas mínimas que respeitem seu estado de ânimo e vulnerabilidade do momento?

À medida que realiza estes pequenos passos, ele se sentirá melhor, mais energizado, a partir da sensação agradável de ter realizado estas pequenas ações e que vão impactando de forma positiva na melhora do seu humor, bem-estar, senso de autoeficácia e realização.

Sendo assim, a proposta de intervenção da ACT parte do comportamental, ou seja, não lutar contra seus pensamentos e emoções desagradáveis, mas sim reconhecer a presença deles, aceitar, e assumir um autocompromisso de fazer o que é para ele possível neste momento, estimulando-o a lidar e enfrentar o desconforto progressivamente, despontencializando-o e seguindo rumo a uma vida com sentido, maior bem-estar e qualidade de vida.

Uma técnica importante para a ACT é o mindfullness que propõe exercícios simples para praticar o estado de presença, que estimula o paciente a aumentar seu foco, sua atenção no que está fazendo “aqui-agora”, minimizar ou mesmo excluir qualquer expectativa ou idealização referente a si mesmo, suas capacidades e seu processo de melhora, que possa estar afetando e intensificando seu sofrimento. Com a prática progressiva, ele vai sentindo e refletindo sobre as sensações novas, emoções agradáveis, aprendizados experienciados, passando a fazer novas escolhas com foco na aceitação e compromisso de viver bem, apesar dos desafios internos e externos com os quais se deparar.

Para saber mais e aprofundar seus conhecimentos sobre a ACT, confira a referência bibliográfica utilizada neste artigo:

MELO, Wilson V. …[et al]; Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em terapia cognitiva / organizado por Wilson Vieira Melo …[et al] – Novo Hamburgo: Sinopsys, 2014.

Esquema de EMARANHAMENTO: características

Esquema de EMARANHAMENTO: características

O esquema emocional de emaranhamento é um dos 18 esquemas mapeados pelo psicólogo Jeffrey Young (2008) dentro da abordagem da terapia dos esquemas. Este esquema é parte do domínio Senso de Autonomia e Competência, ou seja, em que a necessidade emocional básica de autonomia e independência mostrou-se ausente ou prejudicado no desenvolvimento do indivíduo.

Isso pode ter se dado por diferentes motivos ao longo do desenvolvimento da criança na relação com seus pais e tendo eles como primeiros fornecedores de suas necessidades emocionais básicas.

Um exemplo disso são situações em que pais ou primeiros cuidadores, por excesso de zelo e superproteção, terminam por fazer e/ou decidir tudo pela criança. Este comportamento parental, de forma recorrente e continuada, acaba tirando da criança e do adolescente a oportunidade de explorar o ambiente, experimentar fazer as coisas por conta própria, desenvolver habilidades, descobrir interesses, inclinações próprias e talentos, aprender com eventuais falhas e desenvolver senso de identidade, autonomia e independência.

Há casos de pessoas que não desenvolveram este senso de self independente por conta de figuras parentais abusivas, opressoras, dominadores, controladoras em excesso, que podem ter isolado ou privado a criança e/ou adolescente de ampliar sua rede de relacionamento e desenvolvimento de habilidades, restringindo seu aprendizado ao contexto familiar por longos anos. Como consequência, estes indivíduos somente conhecem como certo, verdadeiro, como realidade, crenças, valores e comportamentos provenientes do seus pais, desenvolvendo uma autopercepção de incompetentes e/ou incapazes de tomarem decisões , fazerem escolhas e resolverem problemas sozinhos, dependendo excessivamente dos seus pais para se colocarem no mundo.

CARACTERÍSTICAS

Pessoas que apresentam este esquema emocional ativado costumam apresentar algumas características como:

  • Sensação de estar fundidos, emaranhados, com outras figuras próximas que podem ser parceiros, pais, amigos ou outros vínculos de importância;
  • Dificuldades de reconhecerem gostos, preferências, desejos e vontades próprias, assimilando como seus os interesses e opiniões dos outros de forma consciente ou inconsciente;
  • Self subdesenvolvido, ou seja, uma identidade não contruída ou não fortalecida, com dificuldade de reconhecer-se como indivíduo, a parte e/ou independente de pessoas que para elas são importantes;
  • Podem se sentir invadidas ou asfixiadas pela constante presença e interferência do outro em suas escolhas, decisões, rotina;
  • Podem se sentir frágeis, vulneráveis, incapazes de tomar decisões sozinhas com dificuldades de fazer escolhas, resolverem problemas e entrarem em ação;
  • Sensação de vazio constante por não conseguirem se reconhecer como identidade, não terem clareza de seus interesses, gostos, preferências, habilidades, talentos e inclinações naturais;
  • Podem evitar situações de tomada de decisão, de mudança, ou fazer escolhas baseadas no que outros acreditam ser importantes ou certo para elas, evitar conflitos, estabelecer ou fortalecer a dependência emocional em relação aos outros;
  • Inibição de opiniões, emoções, sentimentos, posicionamentos, falta de espontaneidade, por falta de clareza do que de fato é próprio ou por não saberem como agir;
  • Podem copiar comportamentos daqueles aos quais se encontram emaranhadas;
  • Podem sentir culpa ou senso de incapacidade de viver de forma autônoma e independente. (YOUNG, 2008, pág. 204-206)

A terapia do esquema é uma estratégia chave no tratamento deste esquema emocional, auxiliando a pessoa na tomada de consciência de seu esquema em funcionamento e suas estratégias de enfrentamento (evitativas, hipercompensatórias e de resignação). Permite trabalhar tanto no nível cognitivo, emocional e comportamental para fortalecer seu senso de identidade, trabalhar o autoconhecimento de interesses, gostos, preferências de forma independente, desenvolvimento de habilidades sociais, entrar em contato com seus talentos, e aprender a viver de forma plena, autêntica, espontânea, com autonomia e independência em relação aos outros.

Para ampliar a reflexão, segue sugestão de conteúdo e título que serviu de referência para este artigo:

YOUNG, Jeffrey E.. Terapia do esquema [recurso eletrônico] : guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras / Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko, Marjorie E. Weishaar; tradução Roberto Cataldo Costa. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2008.

MITOS EMOCIONAIS

MITOS EMOCIONAIS

Os mitos emocionais são crenças a respeito das emoções e que aprendemos ao longo do nosso desenvolvimento. São pensamentos a respeito do sentir que aprendemos a partir de contextos (família, cultura) e que assumimos como verdade, mas que geram impactos negativos na nossa experiência emocional.

Normalmente, os mitos emocionais envolvem pensamentos distorcidos (distorções cognitivas) a respeito das emoções. E costumamos entrar em contato com eles quando crescemos e nos encontramos em ambientes invalidantes, ou seja, contextos que entendem ser errado e/ou proibido o entrar em contato com as emoções, gerando em nós comportamentos de evitar e/ou ignorar o sentir delas assim como expressá-las, entendendo ser elas não importantes. Ademais, se as pessoas parte deste ambiente invalidante ainda tem uma postura punitiva frente a elas, podemos aprender e entendê-las como inaceitáveis, contribuindo para a inibição emocional e impactando negativamente na nossa regulação emocional.

Um ponto importante é que aprendemos a nos regular emocionalmente a partir dos nossos modelos, referências, sendo as nossas primeiras referências os nossos pais e o contexto familiar. A forma como nossos pais reagem às próprias emoções e às nossas quando criança, aceitando, validando, ou, o contrário, chamando atenção de forma desqualificante ou mesmo punindo, influenciará na formação das nossas crenças a respeito delas e como devemos lidar com nossas emoções.

Por exemplo: se você foi tratado com reprovação por seus pais ao expressar raiva, tristeza, você pode ter aprendido que estas emoções são erradas ou inaceitáveis. Se você foi ignorado ao senti-las, você pode ter aprendido que elas não tem importância e devem ser ignoradas ou descartadas.

O fato é que aprendemos quando criança e levamos isto ao longo da nossa vida para outros contextos e relações, que também exercerão novas influências a respeito de como sentimos e expressamos (ou não) as emoções.

EXEMPLOS DE MITOS EMOCIONAIS

Para melhor ilustar tudo isso que hoje estamos falando, seguem alguns exemplos que você pode reconhecer também como seus:

  1. “Existe um jeito certo de sentir a cada situação” : Somos seres diferentes e podemos sentir e nos comportar de formas diferentes a partir de uma mesma situação. O importante é que a cada momento buscaremos administrar nossas emoções para encontrar formas mais assertivas de expressá-las e buscar ter nossas necessidades emocionais atendidas.
  2. “Se eu expresso e deixo os outros saberem como me sinto, serei visto como fraco(a).”: Estamos aqui diante de um julgamento a respeito de uma vulnerabilidade. Se nos sentimos frágeis, vulneráveis, com medo, com raiva ou outra emoção é como nos sentimos simplesmente, não uma questão de certo ou errado. E isto nos ajuda a identificar o que necessitamos a partir de cada situação. Mostrar como nossas vulnerabilidades nos permite receber a ajuda, apoio necessários, não é uma fraqueza, apenas se trata de nossa humanidade e que está tudo bem sermos assim.
  3. “Sentimentos negativos são ruins e destrutivos.”: mais uma vez, não existe emoção certa ou errada, simplesmente são como nos sentimos e cada uma das emoções exercem um papel, uma função e comunicam algo a nosso respeito. As emoções desagradáveis nos fazem parar, refletir sobre razões possíveis que contribuíram para assim nos sentirmos e, como consequeência, buscar acionar recursos para promover mudanças necessárias.
  4. “Ser emotivo é estar fora de controle, vão me chamar de louco(a).” : ser emotivo frente às situações não tem nada de errado, a questão é como isto acontece e como você dá vazão às suas emoções. Se você manifesta suas emoções sempre de forma explosiva ou se você simplesmente embota suas emoções, de um jeito ou de outro haverá custos emocionais e consequências. A ideia é que você identifique o que está sentido e possa aprender a expressar-se e regular-se de forma saudável.
  5. “Toda emoção dolorosa é resultado de uma má atitude.”: mais uma vez aqui está acontecendo um julgamento a respeito do sentir. Muitas emoções dolorosas não dependem de nós, por exemplo, quando nos sentimos tristes ao perder uma pessoa querida. Podemos sentir emoções desagradáveis a partir de como os outros agem conosco ou a partir de situações que fogem ao nosso controle.
  6. “Se os outros não aprovam como me sinto, então eu não deveria estar me sentido assim.”: mais uma vez, não é uma questão de certo ou errado, simplesmente como você se sente. E às vezes outras pessoas poderão não compreender suas razões, seja por falta de empatia, seja porque viveram outras referências contextuais e emocionais. Não é o outro que deve dizer a você como se sente nem o que deve fazer com as suas emoções, esta é uma experiência emocional sua e cabe a você isso. É sua a responsabilidade sobre suas emoções, como expressa e o que faz com elas.

Exercícios de focalização e meditação axiliam a entrar em contato com as emoções, observá-las, identificar o que está sentindo no momento, fortalecer sua regulação emocional e aprender a reconhecer o que necessita e a melhor forma de expressar e buscar atender suas necessidades a cada situação e interação.

As emoções tem processamento diferente das nossas cognições (racional) e isto nos leva a aprendizados ricos a nosso respeito e colocar em prática mudanças, transformações.

Para saber mais sobre o assunto, confira esta leitura, referência para este artigo:

LEAHY, Rober. L. Terapia do Esquema Emocional: um guia para o terapeuta cognitivo-comportamental.Tradução: Sandra Maria Mallmann da Rosa; revisão técnica: Ricardo Weiner. – Porto Alegre: Artemed, 2016.