Cultura Organizacional e Retenção de Talentos

Cultura Organizacional e Retenção de Talentos

Cultura Organizacional é um conjunto de costumes, formas de interagir entre os participantes da organização, língua, vocabulário, comunicação, vestuário, ambientes, crenças, valores, comportamentos e atitudes, que reflete sua realidade bem como o resultado destas interações  (produtos, serviços, processos, conhecimentos). Estes aspectos influenciam o como as pessoas pensam, sentem, se comportam, se comunicam, se relacionam dentro da empresa, bem como fora dela.

Uma palavra que contribui para melhor entender este conceito é identidade. Quando falamos de cultura organizacional, consideramos aqueles aspectos objetivos e subjetivos que fazem aquela empresa ser única e que todos conseguem reconhecer em cada pessoa que faz parte dela.

Quando uma organização tem uma cultura sólida, bem estruturada, clara e bem difundida, é visível no comportamento da sua gente. As pessoas se sentem pertencentes a elas, engajadas, comprometidas, responsáveis e, por consequência, geram entregas, resultados e contribuições individuais e coletivas de alto impacto, tanto para a empresa como para a comunidade a qual ela faz parte.

Cultura organizacional e a retenção de talentos

Valores e crenças são componentes essenciais parte da cultura organizacional. Eles sinalizam o que uma empresa tem de práticas, processos, missão, visão, propósito e, consequentemente, o que ela deseja e espera das pessoas para fazerem parte do seu time. Isto é, quais comportamentos, mentalidade e contribuições que elas querem e promovem junto às pessoas que fazem parte dela.

Com isto, é possível entender o quanto a cultura organizacional impacta na contratação e retenção de talentos. Profissionais de qualidade, excelência técnica e alta performance não são maioria no mercado de trabalho. Isto por si só já é um grande desafio, identificá-los e contratá-los, em virtude da concorrência com outras empresas. Além disso, os melhores talentos no mercado tratam-se de pessoas que sabem o que querem para suas vidas, têm clareza dos seus valores e objetivos, o que buscam para suas carreiras e, consequentemente, considerarão todos estes aspectos na escolha da empresa para fazerem parte e permanecerem.

Com isto, o desafio na retenção de talentos por parte da empresa está em oferecer a estes profissionais de ponta condições de trabalho adequadas, ambiente inspirador e de bem estar, ferramentas de excelência, políticas e práticas claras e respeitosas, pacote de benefícios e remuneração diferenciados e atraentes, oportunidade de desenvolvimento profissional e pessoal, e mais, o principal, promover conexão entre valores individuais e organizacionais. Isto envolve consideração das necessidades dos profissionais x empresa, alinhamento entre características de perfil dos talentos e comportamentos, mindset praticados e desejados pela empresa.

Em termos práticos, empresas com cultura organizacional bem definida costumam apresentar:

  • Políticas bem definidas e com base nos valores, objetivos organizacionais, missão, visão, propósito
  • Trilha de Carreira clara para todos
  • Remuneração e pacote de benefícios alinhados com o mercado e que reflita a cultura da organização
  • Treinamento e desenvolvimento de lideranças e equipes
  • Melhoria Contínua como um dos pilares da organização
  • Ambiente físico é retrato da cultura, tornando ela paupável aos colaboradores através da experiência
  • Espaços de escuta ativa dos colaboradores (ouvidoria, rodas de conversas, prática de feedback 360 graus, etc)
  • Comunicação aberta, assertiva, clara, objetiva entre todos
  • Escuta, considera e inclui necessidades dos colaboradores na definição de políticas e atualização delas

Em suma, uma organização que queira reter os melhores talentos deverá apresentar motivos, desafios, vantagens, oportunidades, valores, propósito, contribuições, impactos (no social e ambiente) que possam dar “match”com os valores, crenças, interesses, estilo de vida e objetivos destes profissionais de excelência. Eles estão em busca de muito mais que um salário, carteira assinada e benefícios.

Talentos querem trabalhar com sentido, gerar contribuições e inovações, impactar de forma positiva e sustentável a comunidade. Querem ter autonomia e liberdade para trabalhar, sugerir, entregar, ao mesmo tempo que necessitam se sentir parte, cuidados, respeitados, considerados, apoiados, reconhecidos, valorizados, receber orientação e suporte por parte das lideranças. Enfim, para estes talentos permanecerem numa organização é preciso estabelecer esta sinergia entre valores, crenças, necessidades e comportamentos individuais x organizacionais. E é na cultura organizacional onde moram todos estes aspectos a serem bem estruturados, consolidados e propagados dentro e fora da empresa, de modo que ela deixe sua marca e proporcione experiências diferenciadas para seus colaboradores quererem ficar.

Para saber mais, seguem mais opções de leitura:

https://forbes.com.br/brand-voice/2020/05/retencao-de-talentos-exige-cultura-empresarial-definida/

https://viacarreira.com/retencao-de-talentos-na-empresa/

https://www.economiasc.com/2021/04/12/8-formas-de-atrair-e-reter-talentos-em-tecnologia/

TIPOS DE APEGO

TIPOS DE APEGO

Um dos referenciais teóricos importantíssimos dentro da abordagem da Terapia dos Esquemas é a teoria do Apego, proposta pelo médico psiquiatra infantil John Bolwby, na década de 1950, trazendo à luz da ciência contribuições acerca da origem dos vínculos afetivos. Ele e o pesquisador James Robertson, no ano de 1952, fizeram estudos de observações clínicas e filmagem com crianças de 2 e 3 anos, com foco em estudar o comportamento delas quando separadas de suas mães, sem substituição desta figura parental por outra estável. Neste experimento, Robertson identificou e mapeou as fases da separação (protesto, desespero, desapego), sendo que os resultados destes estudos geraram grande impacto na sociedade inglesa daquele período histórico.

Bolwby (1952) passou a levantar questões a respeito dos efeitos da privação materna na infância, como as crianças lidam com a perda, o luto e separação, e quais impactos destas experiências para o desenvolvimento delas e estruturação de personalidade patológica. A partir destas perguntas, este autor passou a aprofundar seus estudos em etologia a respeito do comportamento dos animais, deparando-se com estudos de outros autores como Konrad Lorenz (1935) sobre imprinting e Harry Harlow (1958) a respeito da separação materna com macacos Rhesus. Como influência de tais autores e destes achados, Bowlby identificou os seguintes pontos como chaves na estruturação da sua teoria do apego:

  • Sistemas comportamentais: potencial biológico que herdamos, fruto de adaptações evolutivas da espécie, e que favoreceram a sobrevivência no passado. Compostos de comportamentos rápidos e automáticos, mas que sofrem influências do meio e das experiências do sujeito (perspectiva evolutiva interacionista)
  • Homeostase Ambiental: potencial biológico + influência do meio + experiências do indivíduo geram modificações nos sistemas comportamentais visando a homeostase ambiental, ou seja, flexibilizando antigos e modelando novos comportamentos com foco em adaptar-se ao meio e sobrevivência;
  • Sistema de Apego: com função de gerar proteção, segurança e suprimento de necessidades para o indivíduo sobreviver, sendo decisivo na perpetuação da espécie.

Em síntese, os achados de Bolwby contribuíram para ele estruturar a teoria do apego, integrando conceitos da psicanálise, etologia, psicologia evolucionista, comportamental e cognitiva. Esta teoria explica como se originam o vínculo dos bebês com as mães e seus primeiros cuidadores e como o tipo de apego influenciará nos outros vínculos que o sujeito irá estruturar ao longo da sua jornada de vida com outros indivíduos.

Neste sentido, podemos entender a necessidade dos bebês em estabelecer vínculo com as mães e/ou cuidadores, por uma necessidade de sobrevivência que envolve tanto aspectos fisiológicos quanto emocionais (alimentação, cuidados, proteção, segurança) e que são chaves na sua sobrevivência, já que sozinho ele não teria condições de atender as próprias necessidades e sobreviver.

Como este vínculo é estruturado ao longo da infância impactará na construção de modelos mentais a respeito de si próprio, dos outros, do mundo, e contribuirá diretamente na formação da personalidade, regulação da percepção de mundo, dos sentimentos e dos comportamentos do indivíduo.

TIPOS DE APEGO

A estruturação do apego acontece num processo de 3 etapas:

  1. PRÉ-APEGO (0 a 6 semanas de vida): a criança demonstra orientação e sinalização para as pessoas à sua volta, ainda sem preferências, a partir de seu “equipamento biológico pré-programado” para buscar proximidade com os humanos que cuidam dela e ter suas necessidades satisfeitas;
  2. FORMAÇÃO DO APEGO (6 semanas a 6/8 meses de vida): a criança começa a apresentar preferências por figuras familiares, mas sem recusar estranhos ainda. Vocaliza e chora de formas diferentes a depender da proximidade da mãe/cuidador primário;
  3. APEGO DEFINIDO (6/8 meses a 18 meses de vida): o bebê busca ativamente presença e proximidade da(s) figura(s) de apego a partir da sua locomoção, sinalização, choro, evidenciando ansiedade de separação, busca de segurança, proteção e maior reciprocidade esta(s) figura(s).

Os tipos de apego foram mapeados pela psicóloga Canadense Mary Ainsworth (1970), a partir do seu experimento “Estudo psicológico da situação estranha” (AINSWORTH, 1970), realizado por ela com crianças de 12 a 18 meses, observando as reações que elas apresentavam ao serem separadas de suas mães, bem como ao reencontro delas, tendo ou não a presença de uma outra pessoa estranha a elas. A partir dos resultados deste experimento, Ainsworth estruturou 4 tipos de apego:

  1. APEGO SEGURO: a mãe ou outra figura de apego primária responde rapidamente ao choro da criança, é sensível às suas necessidades, cuida, conforta, acalma, oferece carinho, segurança, proteção e é disponível. A criança demonstra interesse pelo cuidador, busca sua presença e proximidade quando necessita, sente-se capaz de explorar o ambiente desde que o adulto não se afaste por longos períodos, e tolera estranhos, mas só expressa confiança pela figura de apego;
  2. APEGO INSEGURO ANSIOSO/AMBIVALENTE: ambiente e/ou cuidador imprevisível, desorganizado, instável. Cuidador pode até se mostrar atento à criança, mas sem sincronia com suas necessidades e solicitações, não respondendo ou respondendo tardiamente elas. Pouco disponível emocionalmente. A criança costuma se desestabilizar na ausência do cuidador, entendendo a separação como ameaça real e iminente. Expressa raiva, angústia nas separações e não se conforta facilmente. Mostra-se constantemente insatisfeita;
  3. APEGO INSEGURO EVITATIVO: mãe ou cuidador não disponível ou não atento às necessidades da criança, podendo ser rejeitador ou mesmo distanciar-se física e psicologicamente. A criança ignora este afastamento, não se empenha em manter contato, não distingue estranhos do cuidador e termina priorizando atividades, objetos e coisas ao invés de pessoas;
  4. APEGO DESORGANIZADO: crianças expostas a maus tratos, abusos, negligência parental, famílias com transtornos por uso de substâncias, ambientes violentos. Ela recebe informações ambíguas do cuidador gerando angústia, desconfiança, age de modo confuso, passando a vivenciar medo crônico e intenso, ansiedade, agitação podendo apresentar ataques de fúria.

APEGO X CONSEQUÊNCIAS

A partir destes tipos de apego, podemos identificar, ao longo da adolenscência e fase adulta, impactos em como o indivíduo percebe a si mesmo, aos outros, ao mundo, bem como se relaciona. Vejamos abaixo quais consequências mais frequentes a partir de cada tipo de apego:

  1. APEGO SEGURO: pessoa sente-se competente para lidar com pares, aberta a novas experiências, curiosidade, autoestima positiva, tolerância a novidades, frustrações, reagindo bem frente a seus fracassos. Entusiasmo, persistência, resolução de problemas e tomada de decisão assertivas, independência e consegue restabelecer relacionamentos saudáveis e recíprocos;
  2. APEGO INSEGURO ANSIOSO/AMBIVALENTE: indivíduo apresenta imaturidade, insegurança, incompetência social, comportamentos de dependência emocional, material, insegurança. Dificuldades para se relacionar, para permanecer nos relacionamentos, dificuldades para desfrutar dos mesmos, para empatizar com o outro e refletir sobre suas responsabilidades nas relações. Pode apresentar condutas impulsivas e agressivas;
  3. APEGO INSEGURO EVITATIVO: sujeito pode se mostrar contradependentes ou autossuficientes, evitando pedir ajuda, compartilhar, estabelecendo relacionamentos superficiais e/ou não duradouros. Pode apresentar traços antissociais;
  4. APEGO DESORGANIZADO: autopercepção negativa e desqualificante de si (indigno, mau), visão dos outros como perigosos, ameaçadores, abusivos e imprevisíveis. Podem apresentar muitos traumas, transtornos de memória e atenção, comportamentos agressivos, cruéis, oposicionistas, ausência de empatia e sensibilidade moral, bem como culpabilizar os outros ou quem queira ajudá-lo.

Para saber mais, confira as referências abaixo:

WAINER, R. Terapia cognitiva focada em esquemas : integração em Psicoterapia [recurso eletrônico] / Organizadores, Ricardo Wainer … [et al.]. – Porto Alegre : Artmed, 2016.

YOUNG, Jeffrey E.. Terapia do esquema [recurso eletrônico] : guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras / Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko, Marjorie E. Weishaar; tradução Roberto Cataldo Costa. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2008.

MELO, W. V. Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em terapia cognitiva / organizado por Wilson Vieira Melo… [et al.] – Novo Hamburgo: Sinopsys, 2015.

Esquema de ISOLAMENTO SOCIAL: características

Esquema de ISOLAMENTO SOCIAL: características

O psicólogo e autor da abordagem da terapia do esquema, Jeffrey Young, mapeou até o momento 18 esquemas emocionais, a partir dos seus estudos, pesquisas com colaboradores e vivência clínica. Como se trata de uma abordagem em psicoterapia bastante recente (a partir de 1990), os estudos continuam sendo feitos, publicados e atualizados na comunidade científica. Hoje vamos falar a respeito do esquema de isolamento social.

ISOLAMENTO SOCIAL

Segundo Young (2008), pessoas que apresentam o esquema de isolamento social costumam experienciar uma intensa solidão e se percebem como diferentes de outras pessoas, excluídas, rejeitadas, isoladas, apresentando como principal comportamento a dificuldade em fazer parte de grupos, socializar-se ou mesmo relacionar-se.

Este autor afirma que “qualquer pessoa que cresce se sentindo diferente pode desenvolver este esquema.” (Young, 2008 p.198). Ele ainda acrescenta como exemplos de pessoas que costumam apresentar este esquema emocional “superdotados, membros de famílias famosas, indivíduos muito boni­tos ou muito feios, homossexuais, pessoas que pertencem a minorias étnicas, filhos de alcoolistas, sobreviventes de traumas, portadores de deficiências físicas, órfãos ou adotados e membros de uma classe social muito superior ou muito inferior a daque­les no entorno.” (Young, 2008 p.198)

Concluímos, a partir destes pontos sinalizados pelo autor, que pessoas que vivenciam experiências de exclusão, rejeição, preconceito, discriminação, seja por questões relacionadas a imagem, habilidades, gênero, cultura, aspectos sociais, políticos, econômicos, traumas, perdas, portadores de deficiências físicas, transtornos psiquiátricos, transtornos por uso de substâncias e/ou outras condições, costumam estruturar o esquema de isolamento social, por não terem a necessidade emocional básica de apego e pertencimento nutrida ao longo de sua jornada. Por vezes, nas suas interações iniciais, percebe-se alguns destes aspectos:

  • Ausência de conexão, vínculos estáveis e duradouros com outras pessoas;
  • Dificuldades para integrar-se em grupos, ou mesmo experiência de exclusão;
  • Ambientes desorganizados, instáveis, violentos, inseguros, perigosos (fuga de guerras, perseguições, catástrofes, etc);
  • Experiência de migração para contextos sócio-culturais diferentes;
  • Pouco ou ausência de afeto (carinho, amor) de forma incondicional;
  • Desconsideração, desrespeito, negligência.

Estas vivências terminam contribuindo para que o indivíduo se perceba diferente dos outros à sua volta, mas também experienciar ser percebido assim pelos outros, fortalecendo sentimentoa de diferenciação, não pertencimento, isolamento, solidão.

COMPORTAMENTOS

Os principais comportamentos que pessoas com esquema de isolamento social apresentam são:

  • Ficar à margem ou evitar totalmente os grupos;
  • Realizar atividades individuais, solitárias;
  • Evitar conhecer pessoas, estabelecer novos relacionamentos;
  • Evitar situações sociais e de exposição;

Estes comportamentos podem ser expressos de diferentes formas e intensidades, de acordo com a história de vida de cada sujeito. Mas o fato é que se percebe nitidamente este padrão evitativo presente, que podem estar a serviço do sujeito para protegê-los de novas situações traumáticas (violência, preconceito, discriminação, bullying), de novos constrangimentos, exposições, ou mesmo de sofrimentos, perdas e dores envolvidos a partir de tais experiências.

Quando o indivíduo assume sua percepção de si em relação aos outros como diferente e/ou inadequado, pode resignar-se ao esquema de isolamento social, ou seja, assumir como verdade para si mesmo tal percepção e seguir sua jornada de vida repetindo o padrão de isolamento, pouquíssimas interações e evitação de grupos.

Mas ainda há casos em que este esquema se mostra como uma estratégia de enfrentamento hipercompensatória, por exemplo, casos de pessoas que interagem superficialmente, sem aprofundar vínculos ou engrenar relacionamentos duradouros, chegando a mudar com frequência de parceiros ou mesmo estabelecer amizades sem initmidades, sem abertura para abrir suas vulnerabilidades e necessidades emocionais.

O fato é que, para entender caso a caso e os impactos gerados pelo esquema de isolamento social ativado na vida do paciente, é preciso avaliação e acompanhamento especializado por parte de um terapeuta do esquema, observando dados de histórico de vida, familiar, social, laboral, relacionamentos, acontecimentos traumáticos, bem como fatores biológicos e de temperamento que possam também contribuir para a estruturação e expressão deste esquema.

Para ampliar a reflexão, seguem algumas sugestões de conteúdo e títulos que serviram de referência para este artigo:

Entrevista com Jeffrey Young: https://www.youtube.com/watch?v=brIWqbjuMj8

Livro “Reinvente sua vida” (Jeffrey Young): https://www.sinopsyseditora.com.br/livros/reinvente-sua-vida-1648

http://www.tfebrasil.com.br/psicoterapia_esquema.asp

Referência Bibliográfica:

YOUNG, Jeffrey E.. Terapia do esquema [recurso eletrônico] : guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras / Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko, Marjorie E. Weishaar; tradução Roberto Cataldo Costa. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2008.

O que são ESQUEMAS?

O que são ESQUEMAS?

Na abordagem da Terapia dos Esquemas, proposta pelo psicólogo Jeffrey Young (2008), o termo esquemas é conceituado como um conjunto de padrões cognitivos, emocionais e comportamentais estruturados a partir dos primeiros vínculos que estabelecemos com nossos pais (primeiros cuidadores), aprendizagem de comportamentos e crenças dentro da família e no contexto social, a partir das nossas primeiras relações e experiências de vida, durante a infância e adolescência.

Tratam-se de maneiras habituais de perceber, enxergar e sentir a partir das interações e situações vivenciadas e que se repetem como padrões automatizados de percepção. Podemos entendê-los como filtros emocionais que inteferem na nossa percepção de nós mesmos, dos outros, do mundo e de futuro.

Para entender como eles são formados, precisamos levar em conta que:

  • Ao longo do nosso desenvolvimento infantil e juvenil, temos algumas tarefas evolutivas a serem cumpridas, a partir do suprir de necessidades emocionais básicas (quadro 1);
  • A qualidade do apego que estabelecemos com nossos pais e/ou cuidadores primários interfere em como nos sentiremos e nos perceberemos nas relações outras que vamos construindo ao longo da vida, tendo estes primeiros vínculos como referência emocional, sensorial, cognitivo e comportamental (quadro 2);
  • Fatores genéticos (biológicos) e de contexto (familiar, social, cultural) contribuem para a estruturação dos esquemas.

ESQUEMAS ADAPTATIVOS

Os esquemas são considerados adaptativos quando, ao longo da nossa infância e adolescência, conseguimos estabelecer vínculos de apego seguro com nossos pais e/ou cuidadores, que nos fornecem progressivamente suprimento das 5 necessidades emocionais básicas, permitindo-nos desenvolver e cumprir tarefas evolutivas, conforme o quadro abaixo:

QUADRO 1: Tarefas Evolutivas. Fonte: REIS, B. Revisão Conceitos da Terapia do Esquema. Aula Especialização em Terapia do Esquema. CETCC. 2021

ESQUEMAS DESADAPTATIVOS

Por outro lado, estruturamos esquemas desadaptativos quando não conseguimos realizar uma ou mais destas tarefas evolutivas no nosso desenvolvimento infantil e juvenil, por ausência de 1 ou mais necessidades emocionais básicas, apego inseguro, evitativo ou ambivalente com os pais e/ou cuidadores, situações traumáticas (acidentes, adoecimentos, perdas, abandono, abusos, negligências, etc).

QUADRO 2: Tipos de Apego. Fonte: REIS, B. Revisão Conceitos da Terapia do Esquema. Aula Especialização em Terapia do Esquema. CETCC. 2021

Young e colaboradores, no livro “Terapia do esquema: guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras”(2008), afirmam ainda que “os esquemas desadaptativos remotos lutam para sobreviver. (…) isso resulta da necessidade instintiva que os seres humanos têm de coerência. O esquema é o que o indivíduo conhece. Embora cause sofrimento, é con­fortável e familiar, e ele se sente bem.”(Young, 2008, p.23).

Parece contraditório ler estas palavras do autor, mas se você parar por um instante e se conectar com padrões de comportamentos que você repete ao longo da sua vida, poderá entender na prática como os esquemas buscam se perpetuar. Observe sua zona de conforto e note que ela não necessariamente é gostosa ou agradável, mas por esta necessidade de coerência, você pode permanecer nela por muito tempo, anos, seja por desconhecer outras formas de pensar, sentir, agir ou lidar com a situação, seja por entender ser uma estratégia de enfrentamento para sua sobrevivência e/ou proteção (evitar/fugir, atacar/lutar ou resignar-se / paralisar).

QUADRO 3: NEB`s x Esquemas x Estratégias de Enfrentamento. Fonte: REIS, B. Revisão Conceitos da Terapia do Esquema. Aula Especialização em Terapia do Esquema. CETCC. 2021

Sendo assim, a terapia entra como importante estratégia para aprofundar este autoconhecimento e desenvolver estratégias novas de enfrentamento. A terapia do esquema auxilia você a:

  • Identificar padrões disfuncionais de pensamentos, comportamentos e emoções associados aos esquemas iniciais desadaptativos estruturados na sua jornada de vida;
  • Qual ou quais destes esquemas impactam na sua vida de hoje gerando sofrimento e comprometimento de diferentes dimensões da sua vida e relacionamentos;
  • Reconhecer qual ou quais necessidades emocionais básicas faltaram para você nas suas experiências e memórias;
  • Aprender a reconhecer a cada situação quais necessidades emocionais básicas hoje necessita e como nutrir elas de forma saudável e adaptativas nos diferentes relacionamentos;
  • Aprender a confrontar, questionar os esquemas, avaliar suas vantagens e desvantagens em continuar com eles ativados e melhorar seu diálogo interno;
  • Aprender novas estratégias de enfrentamento mais saudáveis e adaptativas que permitam você ser de forma autêntica, integral, viver de forma plena, saudável e realizar suas ideias, sonhos e projetos que deseja.

Para saber mais e aprofundar este tema, confira estas referências utilizadas na construção deste artigo:

YOUNG, J. E. Terapia cognitiva para transtornos da personalidade: uma abordagem focada no esquema. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

YOUNG, Jeffrey E.. Terapia do esquema [recurso eletrônico] : guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras / Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko, Marjorie E. Weishaar; tradução Roberto Cataldo Costa. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2008.

LEAHY, R. L. Técnicas de Terapia Cognitiva: Manual do Terapeuta. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2018

AVALIAÇÃO DOS ESQUEMAS: como acontece?

AVALIAÇÃO DOS ESQUEMAS: como acontece?

A terapia do esquema, estruturada pelo psicólogo Jeffrey Young (2003), propõe um processo terapêutico integrativo, respaldado por conceitos e técnicas das abordagens cognitivo-comportamental (TCC), Teoria do Apego (Bowlby, Ainsworth), Gestalt, Psicodinâmicas e Terapia Focada nas Emoções (TFE). Este processo envolve as seguintes etapas de forma geral:

  1. Psicoeducação: a respeito da terapia dos esquemas, o que são esquemas adaptativos e desadaptativos, estilos de enfrentamento, necessidades emocionais básicas, modos;
  2. Avaliação dos Esquemas: que tem por objetivo identificação e reconhecimento dos esquemas desadaptativos, estilos de enfrentamentos e modos, como eles são estruturados durante a infância e adolescência do paciente, e como eles se relacionam com os problemas atuais dele;
  3. Mudança: etapa que envolve técnicas cognitivas, vivenciais, comportamentais, relação terapêutica, com foco na mudança de padrões disfuncionais desadaptativos, auxiliando o paciente compreender suas necessidades emocionais básicas, aprender a solicitar, comunicar e buscar nutrir elas nas suas diversas relações, reduzir a potencia de ativação dos seus esquemas a partir de mudanças emocionais e da sua relação com memórias/eventos estressores, bem como estruturar novas estratégias de enfrentamento saudáveis e adaptativas.

Avaliação dos Esquemas

Como vimos acima, esta é a 2a etapa do processo terapêutico da terapia do esquema. Segundo Young (2008), “o terapeuta ajuda os pacientes a identificar seus esquemas, entender as origens destes na infância ou adolescência e a estabelecer relações com seus problemas atuais” (Young, 2008, p.69).

Nesta etapa, o terapeuta convida o paciente a participar de forma ativa e colaborativa, orientando-o a engajar-se às técnicas propostas de modo a gerar um mapeamento de quais esquemas, no momento atual, se encontram mais ativos, quais esquemas iniciais desadaptativos, esquemas condicionais, estratégias de enfrentamento (resignação, hipercompensação, evitação), assim como aprendizado com seus estilos parentais e modos.

Ao longo do processo de avaliação, são geradas hipóteses que permitem organizar as informações levantadas progressivamente e testá-las em busca de evidências e identificação de pontos de mudança que irão nortear o processo terapêutico.

Para que esta avaliação aconteça, algumas técnicas e ferramentas são utilizadas, a seguir:

  • Anamnese Psicológica (Multimodal Life History Inventory)
  • Questionários de Esquemas (YSQ)
  • Questionário de Estilos Parentais
  • Inventário de Estilos de Enfrentamento Evitação (YRAI)
  • Inventário de Estilos de Enfrentamento Evitação (YCI)
  • Questionário de Modos (YAMI)
  • Imagens mentais de avaliação
  • Baralho das Necessidades Emocionais Básicas
  • Baralho dos Esquemas e Domínios
  • Baralho de Modos
  • Relação Terapêutica

Uma vez realizado, ao longo de sessões, todo este levantamento de informações relevantes acerca da história de vida do paciente, seus padrões de funcionamentos disfuncionais, a partir das técnicas acima propostas, o terapeuta irá reunir e organizar estas informações numa conceitualização de caso.

Young afirma que nela o terapeuta “inclui os esquemas do paciente, as conexões com os problemas atuais, os gatilhos ativadores de esquemas, as hipóteses sobre fatores temperamentais, os modos, os efeitos dos esquemas sobre a relação terapêutica e as estratégias de mudança” (Young, 2008, p.71).

A conceitualização, sendo assim, encerra a etapa de avaliação dos esquemas e será importantíssima na tomada de consciência do paciente a respeito de seu funcionamento até o momento, identificação de pontos de mudança e proposição de um plano de tratamento personalizado.

Para saber mais a respeito da Terapia do Esquema, seguem livros de referência para este artigo:

YOUNG, J. E. Terapia cognitiva para transtornos da personalidade: uma abordagem focada no esquema. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

YOUNG, Jeffrey E.. Terapia do esquema [recurso eletrônico] : guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras / Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko, Marjorie E. Weishaar; tradução Roberto Cataldo Costa. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2008.

Young, Jeffrey E. Reinvente sua vida [Reinventing Your Life]/Jeffrey E. Young e Janet S. Klosko; [tradução Rafaelly Bottega Pazzin] — 2. ed. — Novo Hamburgo : Sinopsys, 2020.

TERAPIA DO ESQUEMA: o que é?

A RELAÇÃO TERAPÊUTICA NA TERAPIA DO ESQUEMA

 

TERAPIA DO ESQUEMA: o que é?

TERAPIA DO ESQUEMA: o que é?

A Terapia do Esquema é uma abordagem em psicoterapia que surgiu como expansão da terapia cognitivo comportamental. Isso se deu quando o psicólogo americano Jeffrey Young notou que a TCC tradicional se deparava com alguns limites frente a uma série de comportamentos, cognições e experiências emocionais que os pacientes apresentavam cristalizados ao longo de toda a vida. Na sua prática clínica e estudos com outros colegas (Young, 1990, 1999), ele observou que os diversos protocolos desta abordagem não davam conta de atender todas as necessidades e peculiaridades dos seus pacientes e que o processo terapêutico focado em curto prazo (16 a 20 sessões) necessitava de adaptações e inclusões de outras técnicas.

Os pontos que ele reconheceu como limitantes no trabalho com a TCC tradicional foram:

  • Transtornos de personalidade: padrões rígidos, inflexíveis e duradouros na forma de pensar, sentir, agir e se relacionar dos pacientes;
  • Distorções rígidas e persistentes na tríade cognitiva (percepção distorcida de si, dos outros, do mundo e de futuro ao longo da vida);
  • Prejuízos muito significativos nas relações interpessoais;
  • Estratégias de enfrentamento não assertivas e recorrentes dos pacientes com pouca ou nenhuma flexibilidade para a mudança;
  • Evitação de emoções, pensamentos, memórias de forma persistente;
  • Medo intenso (consciente ou inconsciente) de não suportar a dor de entrar em contato com conteúdos importantes ao processo;
  • Pacientes com relatos de problemas vagos, difusos, difíceis de definir, por muitas vezes só conseguiam perceber um mal estar geral, frequente, constante, mas sem conseguir identificar gatilhos desencadeantes específicos.

Young também observou que muitos destes pacientes apresentavam, em suas histórias de vida, experiências de negligência, abandono, abuso, privação emocional ou mesmo presenciaram situações violentas que poderiam inclui-los ou envolver outras pessoas. Estas situações poderiam acontecer de forma pontual e potente (traumas) ou recorrentes (estresse crônico), gerando impactos significativos em como estes pacientes percebiam e experienciam eventos similares posteriores, apresentando respostas emocionais, fisiológicas e comportamentais intensas ou mesmo incongruentes com estas situações.

A partir daí, este autor estruturou a terapia do esquema como uma abordagem integrativa, ou seja, promovendo expansão na abordagem da TCC e inclusão de técnicas de diferentes referenciais teóricos:

  • Psicodinâmica (psicanálise): olhar minuncioso para a história de vida do paciente, especialmente infância, adolescência, relações parentais e outros cuidadores, bem como contextos de desenvolvimento;
  • Gestalterapia: incluindo o trabalho com técnicas vivenciais;
  • Terapia cognitivo comportamental (TCC): inclusão de técnicas cognitivas e comportamentais para promover flexibilização e mudança e técnicas de regulação emocional;
  • Teoria do apego (Bowlby)e relações objetais (Klien, Winnicott): buscando compreender os vínculos iniciais estabelecidos (ou não) entre paciente e cuidadores, o impacto no comportamento, experiência emocional e suas outras relações
  • Terapia focada nas emoções (TFE): incluindo técnicas de ativação emocional, focalização, aprendizado e mudança a partir das emoções.

Esta abordagem de psicoterapia é especialmente recomendada para pessoas com transtornos crônicos psicológicos, transtornos de personalidade, transtornos de humor (depressão, bipolaridade), transtornos de ansiedade (TAG, TOC, Fobia Social, Pânico, Fobias Específicas), transtornos alimentares e transtorno por uso de substâncias (alcoolismo, tabagismo, drogadição). Ela foca no tratamento dos aspectos caracteriológicos dos transtornos e não somente na remissão de sintomas agudos psiquiátricos, sendo um processo terapêutico de médio ou longo prazo (mais do que 20 sessões).

O ponto de partida de trabalho nesta abordagem integrativa é compreender como se deu a estruturação dos esquemas iniciais desadaptativos na infância e adolescência do indivíduo, a partir da sua relação com seus cuidadores e com o seu contexto de desenvolvimento, quais necessidades emocionais não foram atendidas e quais impactos destes EID’s no contexto de vida atual do paciente.

É um processo terapêutico colaborativo entre paciente e terapeuta, que progressivamente vão identificando problemas crônicos organizando-os e localizando-os ao longo da história de vida do indivíduo, enfatizando especialmente como eles se apresentam nos seus relacionamentos interpessoais, escolhas, tomadas de decisões, quais estratégias foram estruturadas por ele para sobreviver, conviver, lidar e/ou evitar tais problemas e impactos gerados na sua vida.

Esta terapia focaliza na relação terapêutica, nas dimensões cognitivo, experiencial, emocional e comportamental. Tem por objetivo mudar a forma de encarar, interpretar e reagir aos estímulos, mudar como o paciente se relaciona consigo mesmo e com outras pessoas. Auxilia o indivíduo a modificar suas percepções acerca dos seus relacionamentos, do mundo e de futuro, a processar emoções e conexões com eventos traumáticos, bem como estruturar estratégias de enfrentamentos mais saudáveis e adaptativas.

Para saber mais e aprofundar este tema, confira estas referências utilizadas na construção deste artigo:

YOUNG, J. E. Terapia cognitiva para transtornos da personalidade: uma abordagem focada no esquema. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

YOUNG, Jeffrey E.. Terapia do esquema [recurso eletrônico] : guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras / Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko, Marjorie E. Weishaar; tradução Roberto Cataldo Costa. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2008.

A RELAÇÃO TERAPÊUTICA NA TERAPIA DO ESQUEMA

A RELAÇÃO TERAPÊUTICA NA TERAPIA DO ESQUEMA

A Terapia do Esquema é uma abordagem integrativa em psicoterapia, estruturada pelo psicólogo americano Jeffrey Young, a partir de casos mais complexos e de difícil manejo, especialmente os transtornos de personalidade. Ele percebeu em sua prática clínica e estudos que os protocolos da terapia cognitivo comportamental tradicional não davam conta de atender todas as necessidades e peculiaridades dos seus pacientes. A partir daí, propôs uma extensão na abordagem da TCC e integração de técnicas de diferentes referenciais teóricos: da psicodinâmica (psicanálise), da gestalterapia (técnicas vivenciais), da terapia cognitivo comportamental (TCC), teoria do apego (Bowlby) e da terapia focada nas emoções (TFE).

O ponto de partida de trabalho nesta abordagem é compreender como se deu a estruturação dos esquemas iniciais desadaptativos na infância e adolescência, a partir da relação do indivíduo com seus cuidados e com o seu contexto de desenvolvimento, quais necessidades emocionais não foram atendidas e qual impactos destes EID’s no contexto de vida atual do paciente;

Tem por objetivo mudar a forma de encarar, interpretar e reagir aos estímulos, a partir das situações vivenciadas e relacionamentos, processar emoções e relações com eventos traumáticos, bem como estruturar estratégias de enfrentamentos mais adaptativas.

A RELAÇÃO TERAPÊUTICA

A relação terapêutica trata-se da relação terapeuta e paciente estabelecida no setting terapêutica. Mas na terapia do esquema, ela é encarada como uma técnica importantíssima e fundamental em todo o processo terapêutico. YOUNG (2008), afirma que “o terapeuta do esquema considera a relação terapêutica vital para avaliação e mudança de esquemas”, pois é nesta relação que o paciente trará e expressará com o terapeuta quem ele é no mundo, como se percebe, como percebe as outras pessoas, como pensa, sente, age e como se relaciona.

Num primeiro momento, e assim como acontece em outras abordagens em psicoterapia, o terapeuta está focado em estabelecer sintonia, conexão com o paciente, em promover um espaço seguro, receptivo, de acolhimento, sem julgamento, para que este se sinta à vontade para trazer suas questões, dificuldades e dilemas, progressivamente vincule-se com o terapeuta e entre de fato em terapia.

Na fase de avaliação, a relação terapêutica se mostra como poderosa ferramenta para reconhecimento de esquemas emocionais ativados do paciente, agregando informações vitais ao processo avaliativo, feito não somente por técnicas estruturadas (questionários dos esquemas, estilos parentais, estilos de enfrentamento, imagens mentais). Assim, ao longo desta etapa, o terapeuta está focado em identificar os esquemas ativados do paciente a partir do que ele trás nas sessões, quais estilos de enfrentamento ele vem colocando em prática até o momento, quais necessidades emocionais estão ausentes e não foram supridas e como tudo isto impacta na sua vida atual.

Neste sentido, a relação terapêutica servirá como espaço de reparação parental limitada, oferecendo as necessidades emocionais básicas de forma limitada ao paciente, bem como espaço experimental de aprendizado de novas estratégias de enfrentamento, mais saudáveis, mais adaptativas.

YOUNG (2008) também afirma que “os terapeutas do esquema são pessoais na maneira de se relacionar com os pacientes, em vez de distantes. Tentam não parecer perfeitos, nem conhecedores de algo que ocultam do paciente. Deixam que suas personalidades naturais transpareçam, compartilham respostas emocionais que acreditam ter um efeito positivo sobre o paciente, expõem-se quando isso auxilia o paciente e visam a uma postura de objetividade e compaixão.”

No processo terapêutico, o terapeuta utiliza suas emoções, esquemas e vivências a favor do processo do paciente, ou seja, mostra-se como de fato ele é, espontaneamente. Estimula o paciente a falar como se sente nesta relação, bem como fornecer feedbacks a respeito do terapeuta, como estratégia de auxiliar o cliente na sua autopercepção, comunicação e expressão das suas necessidades emocionais e vulnerabilidades. É também esta relação espaço para exercício da empatia, escuta ativa e compaixão por parte do terapeuta, de forma a reconhecer o que de fato o paciente necessita e entender a situação a partir do ponto de vista dele.

O terapeuta utiliza a técnica do confronto empático para provocar o cliente a acessar seus esquemas e entender seu funcionamento, provocando-o a encontrar formas alternativas e mais adaptativas frente às suas necessidades e desafios. Utiliza-se ainda da autorrevelação quando oportuna ao aprofundamento da reflexão do cliente, quebrando o mito do psicólogo como sujeito detentor de um saber diferenciado,  articulando no setting terapêutico seus esquemas, emoções e experiências como ferramentas na ampliação de repertório emocional e comportamental do paciente, e  contribuindo para que este encontre em si mesmo, fortaleça e promova seus aspectos saudáveis.

Para saber mais sobre o assunto, seguem algumas sugestões de conteúdo:

Entrevista com Jeffrey Young: https://www.youtube.com/watch?v=brIWqbjuMj8

Livro “Reinvente sua vida” (Jeffrey Young): https://www.sinopsyseditora.com.br/livros/reinvente-sua-vida-1648

http://www.tfebrasil.com.br/psicoterapia_esquema.asp

Referência Bibliográfica:

YOUNG, Jeffrey E.. Terapia do esquema [recurso eletrônico] : guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras / Jeffrey E. Young, Janet S. Klosko, Marjorie E. Weishaar; tradução Roberto Cataldo Costa. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2008.

Nichos de Mercado: divisões do Mercado de Trabalho

Nichos de Mercado: divisões do Mercado de Trabalho

Chamamos de mercado de trabalho o conjunto das diferentes atividades laborais, sejam elas operacionais, estratégicas, de gestão, manual, intelectual, entre outras, que de alguma forma são remunerados (salário, comissionado, por demanda ou projeto, por serviço, por hora trabalhada, com ou sem bonificações).

Historicamente, o mercado de trabalho passou por diversas transformações, desde o período das grandes navegações (entre séculos XV e XVI), movimentos de êxodo rural (migração da população rural para as cidades) e mais especialmente as 3 revoluções industriais: a 1ª (1760-1850),  a 2ª(1850-1945) e a 3ª a partir de 1950 até os dias atuais. Todos estes processos evolutivos geraram impactos na economia, política, modos, costumes e nas formas e organização do trabalho.

DIT – Divisão Internacional do Trabalho

Estes processos revolucionários, em cada um destes períodos históricos,  levaram governos de países a estabelecerem uma divisão de como a distribuição econômico-industrial seria estabelecida, ou seja, como as formas de trabalho e distribuição seriam organizadas de acordo com as necessidades econômicas, políticas e social de cada época. A este processo e política internacional nomeamos de divisão internacional do trabalho.

A imagem abaixo mostra como a DIT revela as etapas evolutivas do capitalismo e quais processos produtivos e de distribuição estavam em evidência em cada período. Estamos hoje vivendo, de 1950 para cá, a 3ª revolução industrial, caracterizada pela revolução tecno-científica-informacional e consolidação do capitalismo financeiro, sob marcos e grande impacto do surgimento da internet, telecomunicações, multinacionais bem como mercados e transações diversas em ambiente puramente online.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/divisao-internacional-trabalho-dit.htm 

Do que lá na escola estudamos para cá mudou muita coisa. Aprendemos que o mercado de trabalho era dividido em 3 setores:

  • Setor Primário: relações de trabalho relacionadas à matéria prima (agricultura, pecuária, extrativismo mineral e vegetal);
  • Setor Secundário: relações de trabalho que modificam a matéria prima (indústria, construção civil);
  • Setor Terciário: relações de trabalho interpessoais, ou seja, prestação de serviços em geral (bancos, saúde, educação, trabalhos intelectuais em geral)

Mais recentemente, a partir da década de 90, foi se estruturando e se colocando em evidência, especialmente nesta década última (2010-2020), o chamado quarto setor, que envolve relações de trabalho ligadas ao desenvolvimento socioambiental, sustentabilidade e preservação dos ecossistemas e desenvolvimento populações. Em outras palavras, são empreendedores e organizações que surgiram com objetivo de gerar lucros, fazendo o bem às pessoas, gerando contribuições e transformações positivas para o mundo.

NICHO

Este é outro conceito que também ouvimos falar sobre o mercado de trabalho. Trata-se de segmentações, recortes de um mercado específico. Podemos dizer, assim, que um nicho é uma “fatia” deste “bolo” maior chamado setor.

Para definir um nicho, é importante levar em conta algumas variáveis como as necessidades e interesses comuns de uma população, de determinada faixa etária, localizada numa determinada área. Não se resume a estes critérios, claro, mas o que se sabe é que, quanto mais específico o nicho, quanto mais delimitado, maior facilidade para estruturar um plano de negócios voltado a atender as necessidades deste nicho. E isto certamente impactará em tudo: desenvolvimento, comunicação e promoção da marca, serviços e produtos, alinhados ao máximo ao que este nicho quer, fala, se comporta, sente, age e se interessa.

Mas o que nicho tem a ver com o mercado de trabalho? Simplesmente tudo. Não esqueçamos que empresas, instituições, associações, ong’s, multinacionais, micro, pequeno, grande porte, todas elas estão neste mercado buscando profissionais qualificados para atender suas demandas para melhor atender os clientes dos seus nichos. Ou seja, para que empregos estejam disponíveis, é preciso que haja demanda por serviços, produtos, infraestrutura, matéria prima, cuidados, preservação, manutenção e sustentabilidade (itens relacionados aos 4 setores mais acima vistos). E a demanda está diretamente relacionada ao poder aquisitivo de uma população, ao seu poder de compra, que gera demanda para as empresas  produzirem e ofertarem novos postos de trabalho no mercado, nos diversos nichos, e que volta para esta mesma população em formato de produtos, serviços, soluções, transformações.

Parece confuso, mas é a roda do mercado de trabalho girando a partir dos acontecimentos que impactam na vida de todos nós e gerando movimentos econômicos de retração ou progresso, desemprego ou emprego. Quer maior evento que impactou nesta roda do que a pandemia? Quantas pessoas que perderam seus empregos, quantas empresas que fecharam, pois não suportaram os efeitos da “parada da roda” ainda que parcialmente e por alguns meses.

Por outro lado, quantos nichos de mercado que pouco se falava passaram a estar em evidência? Por acaso você costumava a usar máscara diariamente, sem ser algum profissional ligado às diversas práticas de saúde? Este é só um pequeno exemplo de como toda esta engrenagem sofre impactos de eventos de grande magnitude, como a pandemia, e que leva todos nós a repensar formas de trabalhar, viver, consumir, e, consequentemente, impacta em como moramos, comemos, nos deslocamos, compramos, trabalhamos, nos comunicamos, nos relacionamos, e, consequentemente, na queda ou ascensão de alguns nichos, bem como criação de novos postos de trabalho no mercado.

Enfim, a proposta deste artigo é não somente informar sobre o que é o mercado de trabalho, como se estruturou, as mudanças que ele sofreu ao longo do tempo, mas provocar você a perceber que nenhuma profissão ou área é melhor ou pior que outra. Simplesmente são trabalhos, simplesmente se tratam de algum tipo de atividade laboral remunerada, que gera algum tipo de transformação em formato de produto ou serviço, e pode estar em evidência ou não a depender do momento sócio-econômico-político-histórico.

Se até mesmo o mercado de trabalho passa por mudanças radicais ao longo do tempo, por que você não poderia mudar de profissão, de área ou mesmo buscar novas formas de atuar dentro de uma mesma área? Por que com você ou comigo seria diferente? Pense nisso.

Ah! E para você que quer saber mais a fundo sobre os nichos e áreas de maior destaque em 2021, confere estes 5 links abaixo. Boa leitura, ótima reflexão e aprendizado!

https://www.guiadacarreira.com.br/carreira/cursos-em-alta-2021/

https://www.infomoney.com.br/carreira/mercado-de-trabalho-em-2021-26-profissoes-que-estarao-em-alta-e-os-respectivos-salarios/

https://vocesa.abril.com.br/carreira/as-30-profissoes-em-alta-para-2021/ https://exame.com/carreira/em-busca-de-emprego-veja-as-30-profissoes-em-alta-para-2021/

https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2021/01/conheca-profissoes-que-estarao-em-alta-no-brasil-em-2021-e-os-salarios-de-cada-uma-delas.html

https://midia.com.br/nichos-lucrativos-no-marketing-digital/

O que é Coaching Ontológico?

O que é Coaching Ontológico?

Hoje vamos falar de uma proposta de coaching que muito é praticado, mas poucos sabem que se tratam deste conceito: o Coaching Ontológico.

Origem

O nome tem origem na palavra Ontologia, que significa estudo do sentido do ser, da natureza da existência, segundo o filósofo  Heidegger. Sendo assim, este modelo de coaching propõe para o coachee um trabalho focado na sua reconexão com a sua essência e sentido da sua existência.  Como consequência, é um processo de coaching muito rico em ferramentas de autoconhecimento.

O processo

O cliente que vivencia um processo de coaching ontológico é convidado a praticar ferramentas e técnicas que permitam ele entrar em contato com seus valores, características da sua essência, reconhecimento de seu propósito, muitas vezes envolvendo um verdadeiro resgate identitário como benefício principal do processo.

Muitos profissionais que atuam com o life coaching desenvolvem o trabalho de coaching ontológico. Mas é fato que estes profissionais terminam optando por uma linguagem que diretamente se conectem com as necessidades dos seus clientes: life coaching, coaching de vida, coaching de ressignificação entre outros nomes, facilitando o entendimento do foco de trabalho a ser realizado.

Benefícios

Ao longo do processo, o coach convida o coachee a ampliar sua visão e interpretações que o ele faz sobre si, sobre os outros e sobre o mundo  como material de base para entender como ele se relaciona e age no seu dia a dia

É um processo riquíssimo em autoaprendizado e que faz o coachee potencializar seu poder de ação para superar seus obstáculos e dificuldades a partir de novas ações e ressignificação tanto das suas crenças como de suas relações.

Coaching Integral Sistêmico: O que é?

Coaching Integral Sistêmico: O que é?

Será que o Coaching é um processos sistêmico? Como é possível otimizar aprendizados através do coaching de forma integral? É a partir destas dúvidas que resolvi escrever este artigo.

O coaching é uma metodologia tradicionalmente focada em ação e resultado, ou seja, voltado à melhoria de performance, alcance de metas, ativação de poder de ação, realização, busca de melhoria contínua e aprimoramento. Mas existe uma abordagem de coaching que se diferencia um pouco do coaching tradicional por não ser exclusivamente voltado estes aspectos de performance, otimização de processos, geração de mais e melhores resultados e aprendizados de novas competências. Este tipo de coaching chama-se Coaching Integral Sistêmico.

Coaching Integral Sistêmico

Este processo de coaching propõe que uma pessoa bem sucedida tem todas as suas esferas de vida em equilíbrio, e que o desequilíbrio em uma delas impacta nas outras.

Referencial Teórico

Esta metodologia de coaching traz um referencial teórico sistêmico e bioecológico do desenvolvimento humano proposto por Bronfenbrenner (1979, 2002, 2004), convidando o coachee a perceber-se enquanto ser integral e parte de várias esferas de um sistema maior :

Outras teorias que fazem parte do arcabouço teórico do coaching integrado sistêmico são:

  • Psicologia Positiva: visão do humano voltado a aprendizados a partir de toda e qualquer experiência;
  • Psicologia Cognitivo Comportamental: flexibilização e ressignificação de crenças e comportamentos;
  • Sociologia: relações sociais;
  • Antropologia: comportamento humano;
  • Teoria dos Sistemas: conexão e multideterminação da realidade de forma interdependente;
  • Filosofia: compreensão crítica e racional dos princípios humanos;
  • Física Quântica: estruturação e criação da realidade pessoal;
  • Pedagogia: estruturação metodológica e processos de aprendizado;
  • Administração: otimização de processos, melhoria contínua e compreensão dos princípios de liderança;
  • Ética: compreensão de valores na construção do caráter;

Metodologia e Processo

É um processo que propõe integração e equilíbrio entre fatores de alta performance e fatores de equilíbrio emocional. Veja o quadro resumo:

Ele propõe um processo de imersão transformacional, ou seja, que a partir de técnicas e ferramentas vivenciais, o coachee possa entrar em contato com seus pontos de aprendizado e transformação e potencializar seu poder de ação para alcançar o que quer na sua vida de forma integral.

Sendo assim, este referencial traz como uma de suas principais ferramentas de avaliação e indicador de processo evolutivo a Roda da Vida, por convidar o coachee a fazer avaliação no início e final de processo avaliando 12 esferas de sua vida de modo que ele reconheça evidências de resultados e melhorias na sua caminhada de modo integral.

É uma abordagem que provoca você a todo momento refletir e encontrar sentido de modo integrado, congruente, para sua vida, para suas ações e resultados, isto é, sentido e alinhamento entre SER, FAZER, REALIZAR, VIVER, e GERAR DE CONTRIBUIÇÃO no mundo.

Querendo saber mais, confira: https://mamtra.com.br/roda-da-vida-ferramenta-de-autoconhecimento/